Luanda - Apesar de o continente africano produzir cerca de 30 milhões de toneladas métricas de fertilizantes minerais por ano, muitos países continuam a depender fortemente das importações o que os torna vulneráveis aos choques do mercado.
A afirmação foi feita esta terça-feira, em Nairobi (Quénia) pela Comissária da União Africana para a Agricultura, Desenvolvimento Rural, Economia Azul e Ambiente Sustentável, Josefa Sacko, durante a abertura da Cimeira Especial sobre Fertilizantes e Saúde dos Solos em África.
De acordo com uma nota de imprensa a que a ANGOP teve acesso, no seu discurso a comissária, de nacionalidade angolana, disse que o consumo de fertilizantes em África só aumentou de 8 quilogramas (kg) por hectare para menos de 25 kg por hectare desde 2006, muito abaixo do objectivo de 50 kg/hectares.
De acordo com a diplomata, o consumo de fertilizantes (kg por hectare de terra arável) varia entre 0,03 no Sudão , 1,04 na Somália , 542,47 nas Ilhas Seicheles e 542,57na República Árabe do Egipto, o valor mais elevado registado por um país africano.
“Infelizmente, 22 países africanos registaram um consumo de fertilizantes inferior a menos de 10 quilogramas por hectare. Estatísticas de outras partes do mundo que atingiram a suficiência alimentar apontam, nomeadamente, China 274,8, Alemanha 130,0 e Canadá 126,1”, referiu Josefa Sacko.
Salientou que apesar dos múltiplos esforços, África está aquém dos objectivos da Declaração de Abuja de 2006 e a actual crise Rússia/Ucrânia devido, à dependência de vários países africanos de cereais e fertilizantes provenientes destes dois países, revelou a grande lacuna do continente.
“Estamos perante um dilema, temos a necessidade urgente de construir a soberania alimentar em África, aumentando a produtividade com o objectivo de alimentar 2,4 milhões de pessoas até 2050”, afirmou.
A cimeira deste ano, de 7 a 9 de Maio, vai avaliar o estado da saúde do solo em África, ao mesmo tempo analisar os progressos realizados desde a Declaração de Abuja de 2006, que tinha como objectivo aumentar a utilização de fertilizantes para o crescimento agrícola.
As expectativas em relação ao evento são os quatro pontos prioritários designadamente uma Declaração de Nairobi, plano de acção de fertilizantes para 10 anos, um documento da iniciativa do solo para África e um mecanismo para financiar o plano de acção.
O tema do evento, “Ouvir a terra”, procura explorar a actual condição actual dos solos de África com a mentalidade de que existem múltiplas soluções - incluindo fertilizantes - e devem ser implementadas, rapidamente, para evitar o agravamento da segurança alimentar e nutricional no continente. ADR