Genebra - Milhares de pessoas, incluindo refugiados, continuam a abandonar as suas residências na África Oriental, devido às chuvas torrenciais provocadas pelo fenómeno El Niño, comunicou hoje a Agência das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR).
"A ACNUR está particularmente preocupada com o facto de milhares de refugiados e outras pessoas deslocadas serem obrigadas a fugir mais uma vez para salvar as suas vidas depois de as suas casas terem sido arrastadas pelas águas", declarou a agência através de um comunicado.
No Quénia, cerca de 20.000 pessoas dos campos de refugiados de Dadaab que acolhem mais de 380.000 refugiados foram deslocadas devido à subida do nível das águas, declarou a ACNUR.
No Burundi, cerca de 32.000 refugiados quase metade da população refugiada do país vivem em zonas afectadas pelas inundações, indicou.
Segundo a Agência para os Refugiados, a educação foi interrompida porque as salas de aulas foram inundadas e os materiais didácticos destruídos.
Na Somália, mais de 46.000 pessoas deslocadas internamente em cinco localidades do sul do país foram obrigadas a deslocar-se devido a inundações repentinas.
O mesmo aconteceu na Tanzânia onde mais de 200.000 refugiados, principalmente da República Democrática do Congo e do Burundi, foram obrigados a fugir.
No Quénia, a Agência das Nações Unidas para os Refugiados está a fornecer aos refugiados artigos de socorro como lonas, mosquiteiros, 'kits' de higiene, sabão e jerricãs, com especial atenção para os idosos e as pessoas com deficiência.
No Burundi, a ACNUR vai fornecer 'kits' de abrigo e assistência em dinheiro para ajudar os refugiados.
“A Tanzânia, trabalha com parceiros locais para reabilitar os abrigos para refugiados e a Somália está a prestar assistência crítica em matéria de protecção e fornecida assistência em artigos essenciais às famílias deslocadas internamente”, enumerou.
As alterações climáticas estão a tornar muitas partes do mundo especialmente em regiões frágeis como a África Oriental e o nordeste de África cada vez mais inabitáveis, alertou.
"As tempestades são mais devastadoras e os incêndios florestais tornaram-se comuns”.
Alguns destes impactos são irreversíveis e ameaçam continuar a agravar-se, e as pessoas deslocadas estão a suportar o peso do impacto", afirmou.
Segundo a ACNUR, estas inundações mostram as lacunas na preparação e na acção rápida.
"O financiamento disponível para os impactos das alterações climáticas não está a chegar às pessoas deslocadas à força, nem às comunidades que as acolhem", advertiu.
Em Abril de 2024, a ACNUR lançou o seu primeiro Fundo de Resiliência Climática para reforçar a necessidade de ajuda aos refugiados, das comunidades deslocadas e dos seus anfitriões face ao aumento dos fenómenos meteorológicos extremos. DSC/AM