Ondjiva - Agrónomos da província do Cunene defendem a necessidade do Executivo angolano investir mais no sector da agricultura para estimular a produção nacional em grande escala no país.
Os especialistas reagiam ao facto de Angola explorar apenas 331 mil 285 quilómetros (10,37 %) dos três milhões 194 mil 395 quilómetros de terra cultivável, conforme dados do relatório final do Recenseamento Agro-pecuário e Pescas (RAPP2019 e 2020).
O relatório, o primeiro pós-independência, apresentado a 17 de Janeiro, em Luanda, pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), identifica também a existência de mais de três milhões de camponeses em todo país e aponta as províncias do Uíge e Zaire como as que têm os solos mais ricos.
Sobre o assunto, o coordenador do Colégio de Agrónomos da Ordem dos Engenheiros de Angola, Hangalo Calitoco, disse a ANGOP que o Executivo angolano deve prestar mais atenção à agricultura, com investimentos sérios para tornar o país sustentável, em termos alimentares.
O agrónomo afirma que é necessário rever as verbas alocadas ao sector no Orçamento Geral do Estado (OGE), no sentido de satisfazerem as necessidades e melhorar o aproveitamento dos solos aráveis.
Hangalo Calitoco sublinhou que, em função de poucos investimentos, os técnicos formados na área, por não encontrarem incentivos para apostar na agricultura, acabam por se refugiar em outros sectores.
A previsão para o sector agrícola no OGE 2023, em discussão na especialidade na Assembleia Nacional, é de 3,73%, correspondente a 412,2 mil milhões de kwanzas, um aumento superior a 1% comparativamente a 2022, em que se situou em 3,53%, cerca de 324,3 mil milhões do total das receitas.
O agrónomo Nelson Salgueiro referiu que Angola oferece condições de água para a prática da agricultura de irrigação, terras para o cultivo de todo tipo de bens alimentares que chegariam para o consumo interno e exportar.
Por seu turno, o economista Belarmino Tumbuleni considerou suficiente os 1,92%, atribuídos ao sector da agropecuária e pescas, numa altura em que o lema é apostar na diversificação da produção nacional.
Belarmino Tumbuleni disse que deve se potenciar mais o empresariado e as famílias camponesas, com financiamentos e equipamentos para melhor trabalharem na exploração das zonas aráveis e aproveitarem os rios para dinamizar a prática da actividade agrícola.
A proposta do OGE 2023, com despesas e receitas avaliadas em 20,1 biliões de kwanzas, prioriza o sector social, com peso sobre a despesa total do OGE de 23,9 por cento e estima um preço de referência de 75 dólares por barril de petróleo e uma produção petrolífera média de 1,18 milhões de barris. O petróleo é a principal fonte de receitas do país.