Díli – O vice-presidente da Associação de Café de Timor-Leste (ACT), Afonso Oliveira, defendeu que o café timorense, pelo seu valor histórico, deveria ser património protegido da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
"Achamos que o café podia ser património mundial. Isto devido ao valor histórico. O café em todo o mundo era dizimado" e acabou por ser salvo por uma descoberta, em 1927, de planta do café de Timor, disse em entrevista à Lusa Afonso Oliveira.
Naquela altura, as plantações de café morriam devido à ferrugem, doença que provoca a queda precoce das folhas e seca dos ramos, os portugueses descobriram no município de Ermera, a sul de Dili, "dois arbustos a produzir bem", recordou Afonso Oliveira.
As amostras recolhidas foram enviadas para Portugal e durante anos foi feito um estudo que concluiu que aqueles dois arbustos "eram resistentes à doença da ferrugem", explicou.
A descoberta da planta, um híbrido natural entre Arábica e Robusta, levaria a uma das maiores revoluções nos programas mundiais de melhoramento genético do cafeeiro arábica.
Actualmente, cerca de 99% das variedades de cafeeiros tipo Arábica, com resistência à ferrugem, cultivadas em todo o mundo, têm como progenitor resistente o Híbrido de Timor (HDT).
Em 1965, os portugueses fizeram a distribuição de sementes do híbrido de Timor para todo o mundo.
O vice-presidente da ACT disse também que o arbusto original morreu em 2016, mas já tem rebentos e que o arbusto da primeira geração continua em Oeiras.
O café de Timor tem outra característica que também o torna especial, que é o facto de ser o único do mundo que "produz na sombra das árvores". JM