Lubango – A necessidade de investimentos “avultados” em tecnologia, a promoção de capacidades nos recursos humanos, a existência de “boas” regulamentações e estratégias constituem alguns dos desafios para a transformação tecnológica em África.
A apreciação foi feita pelo especialista senegalês em telecomunicações, Iboun Taimiya Silla, durante uma conferência sobre “A transformação Digital em África e a Necessidade do Investimento em Pesquisa e Desenvolvimento”, promovida pelo Instituto Superior Politécnico Independente (ISPI).
O PhD em ciências aplicadas à macro-electrónica e telecomunicações sem fio, afirmou no final da conferência hoje, sexta-feira, nesta cidade que o continente africano precisa de uma mudança de paradigma, pois tem a oportunidade de criar riquezas com as populações e os jovens devem estar na linha da frente deste processo.
Declarou que as soluções digitais devem estar no centro do desenvolvimento e precisa-se investir mais nas infra-estruturas e o governo tem a sua responsabilidade no processo com a criação de condições estruturais para que o sector privado crie mais postos de trabalho.
Precisamos que os governos permitam a competição digital para que as startups ou iniciativas possam ser criadas. Se criarmos um sector privado forte, as multinacionais do mundo irão investir em África com verbas que ajudarão a receber tecnologias, o contrário não é possível.
Iboun Taimiya Silla destacou um outro desafio é a necessidade de criar algum baseado em África só para que os usuários consigam desfrutar, porque se actualmente a lacuna digital do continente ainda é “grande”.
Alertou para os governos e operadoras terem em atenção a cobertura demográfica e a geográfica no processo de transformação tecnológica de determinado território, pois a primeira vai focar-se em apenas algumas áreas, mas a segunda, o país inteiro.
Por sua vez, a vice-presidente do ISPI para os assuntos académicos, Mariana Teixeira, a indispensabilidade do continente africano fazer do desenvolvimento socioeconómico digital uma prioridade é elevada, pois a transformação digital é uma força motriz para o crescimento inovador, inclusivo e sustentável.
Frisou que a digitalização cria empregos, combate à pobreza, reduz a desigualdade, facilita a prestação de bens e serviços e contribui para a concretização da Agenda 2020-2063 e para o alcance dos objectivos sustentáveis.
“Num mundo cada vez mais digitalizados as instituições de ensino superior desempenham um papel fundamental, na capacitação das sociedades para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da era digital, por serem um centro de pesquisa de excelência”, reforçou.
Nascido em Koumpentoum, no Senegal, Iboun Taimiya Sylla é formado em Engenharia de Telecomunicações, mestre em Ciências Aplicadas na opção Micro-ondas/Eletrónica Espacial e doutorado em Microeletrónica e Telecomunicações sem fios.
É um Master's in Business Administration (MBA) em Finanças e Liderança Estratégica pela Universidade de Dallas. Ocupou cargos em várias multinacionais de alta tecnologia, como a Texas Instruments e a Palma Ceia Semidesgn (PCS), tendo contribuído para a elaboração de várias normas de telecomunicações sem fios, tais como Bluetooth, Zigbee, IEEE 802.15.4, Wireless Health, Wi-Fi Alliance, entre outras.
Actualmente como especialista em tecnologia da Internet das Coisas (IoT), é frequentemente chamado como consultor por várias empresas internacionais em fase de arranque e agências reguladoras governamentais, e é frequentemente convidado a participar em painéis e conferências.
Actuou como interlocutor privilegiado do gabinete presidencial do Senegal, para as questões das telecomunicações e da economia digital, contribuiu para a implementação das estratégias digitais do país para melhorar o seu ecossistema digital e aumentar a contribuição do digital para o PIB global do país. EM/MS
