Luena – Os passageiros dos comboios do Caminho de Ferro de Benguela (CFB), na província do Moxico, queixam-se da morosidade na aquisição dos bilhetes de passagem, chegando a levar 10 dias, mas o CFB acusa os cidadãos de estarem a desorganizar o processo.
Cerca de seis meses depois da nomeação de uma nova direcção do Caminho de Ferro de Benguela (CFB) no Moxico, os cidadãos voltaram a queixar-se de morosidade e desorganização na venda dos bilhetes a partir da Estação de Comboios do Luena.
Durante uma constatação da ANGOP no local, o utente Armando Gomes sugeriu a uniformização do processo de venda dos bilhetes para se assemelhar ao praticado no Huambo até Benguela, e evitar-se “burocracia desnecessária”.
Tal modelo, segundo Armando Gomes, passa pela venda de bilhetes de acesso com até quatro dias de antecedência, acreditando que a aludida medida diminuiria a pressão na Estação de Comboios do Luena, marcada por episódios das pessoas que têm de pernoitar no local para adquirir bilhetes.
Deolinda Muzala António, que pretende, há cinco dias, se deslocar à comuna do Cangumbe, 103 a leste do Luena, aonde vai colher produtos agrícolas na sua lavra, lamentou ter esperado “tanto tempo” para conseguir um bilhete.
"Os bilhetes de trânsito de comboio têm sido vendidos a outras pessoas que não se encontram nas filas", denunciou, Mauríxio Quissumba, outro passageiro, ao criticar suposta desorganização na Estação do Luena.
Enquanto César Mitete reprova a superlotação que ocorre nas carruagens, sobretudo os de 2ª e 3ª classes, considerando de “um desrespeito a pessoa e um risco à saúde humana”.
Por sua vez, o representante do Conselho de Administração do CFB no Moxico, Augusto Paulino Funete, acusou os cidadãos de apresentaram condutas desonestas, chegando a fingir serem doentes para obtenção de bilhete de passagem.
Ao falar à ANGOP, sobre suposta morosidade de que se queixam os passageiros, o responsável disse que têm registado vários casos de jovens que fingem ser doentes, nalguns casos apresentados mesmo membros superiores sob talas gessadas e até guia médica de marcha, para obtenção fácil de bilhete de passagem.
Sobre as enchentes, apontou as férias escolares observadas no ensino fundamental, como uma das causas da pressão, numa altura em que o CFB possui quatro locomotivas para o transporte de pessoas e mercadorias no troço Lobito/Luau, vice-versa, para 200 a 500 passageiros.
“Algumas locomotivas e vagões encontram-se em manutenção devido às avarias e vandalização”, justificou.
O Caminho de Ferro de Benguela é o único meio mais barato de ligação entre a região leste, centro e sul do país, para o transporte de pessoas e bens.
Diariamente, o CFB transporta milhares de pessoas e bens das províncias do Moxico, Lunda Sul e Lunda Norte (leste), e as do centro e sul como Bié, Huambo e Benguela. LTY/YD
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