Luanda – A comissária da União Africana (UA) Josefa Correia Sacko afirmou, esta quinta-feira, que África deve reforçar a sua quota global na produção do café de 11%, por este constituir um produto agregador de riqueza para os africanos.
Segundo uma nota de imprensa chegada à ANGOP, em Luanda, a diplomata intervinha na 63ª Assembleia Anual da Organização Interafricana do Café (OIAC) sob o lema do ano "Transformando o sector cafeeiro africano através da agregação de valor".
Josefa Sacko disse que a Comissão da União Africana (CUA) está a trabalhar arduamente para concretizar a Declaração de Nairobi dos Estados-membros da OIAC, para ancorar o café como um produto de base estratégico.
“No âmbito da União Africana e da OIAC, como agência especializada, espera-se que a proposta seja apresentada aos chefes de Estado e de Governo da Cimeira da UA de 17-18 do corrente mes”, reforçou.
Para o efeito, considerou ser importante que a OIAC desenvolva uma estratégia de valor acrescentado a ser aprovada pela UA e pela Zona de Comércio Livre Continental Africana (ZCLCA) para implementação e aplicação, em África, e criar um ecossistema de produção de café de todas as variedades produzidas.
Com carácter de urgência, frisou, a OIAC deve conceber mecanismos para ajudar os pequenos agricultores incapazes de processar os seus dados de geolocalização a lidar com as consequências pouco claras da nova lei anti-desflorestação da União Europeia (UE).
“Em 2023, a UE estabeleceu a lei anti-desflorestação da UE, conhecida como EUDR, que exige que as empresas recolham as coordenadas geográficas das terras onde os produtos são produzidos, utilizando aplicações móveis e ferramentas informáticas.
“A Etiópia está actualmente a fazer muito neste domínio”, acrescentou a Comissária da UA.
Por outro lado, disse, a ZCLCA constitui um momento oportuno para se renovar o sector do café, em África, incluindo a transformação e o consumo interno, visto ser um fator de mudança global para África.
No seu entender, a ZCLCA constitui uma das maiores zonas de comércio livre internacional do mundo, abrangendo pelo menos 55 Estados-membros e um mercado de 1,4 mil milhões de consumidores com um rendimento combinado de 2,5 mil milhões de dólares.
“Mas, para podermos tirar partido do ZCLCA, temos primeiro de enfrentar uma miríade de desafios, entre os quais a volatilidade dos preços, as alterações climáticas, os elevados custos de produção e a garantia de que os agricultores africanos possam colher mais benefícios do seu trabalho”, defendeu.
Frisou que a OIAC deve aproveitar os beneficios do Programa de Parques Agrícolas Comuns Africanos (CAAP, sigla em inglês), que consiste em zonas agro-industriais comuns que serão estabelecidas para os produtos seleccionados em cada uma das cinco regiões geográficas de África.
Essas zonas servirão como grandes centros de desenvolvimento agrícola com mega-agro-indústrias transfronteiriças e corredores de abastecimento alimentar no continente, disse a agro-economista que já esteve durante 13 à frente da OIAC. IZ