Pretória - O caso de alegada corrupção do secretário-geral do Congresso Nacional Africano (ANC, na sigla em inglês), o partido no poder na África do Sul, irá a julgamento em Agosto, foi hoje anunciado.
O tribunal sul-africano de Bloemfontein, capital provincial do Estado Livre, centro do país, transitou hoje o caso para o Tribunal Supremo, também em Bloemfontein, agendando os procedimentos do julgamento para 11 de Agosto.
Ace Magashule compareceu hoje, pela segunda vez, em tribunal, juntamente com mais 16 acusados, na sua maioria funcionários públicos do partido no poder, hoje libertados também condicionalmente mediante pagamento de fiança.
Magashule recebeu liberdade condicional em 13 de Novembro de 2020 mediante o pagamento de uma fiança de 200 mil rands (10.842 euros).
O caso de fraude e corrupção está relacionado com um contrato governamental de 255 milhões de rands (13,5 milhões de euros) na província do Estado Livre, onde Ace Magashule exerceu o cargo de cargo de governador do partido no poder de 2009-2018 até à sua nomeação para o cargo de secretário-geral do partido.
A investigação refere-se ao seu alegado papel na atribuição em 2014 de um contrato de auditoria de amianto naquela província do centro do país.
"Não fiz nada de errado, irei provar isso em tribunal", reiterou hoje Ace Magashule a jornalistas à saída do tribunal, onde membros do ANC, vestidos de verde e amarelo, as cores do partido no poder desde 1994, demonstravam o seu apoio ao dirigente do antigo movimento de libertação nacionalista.
Magashule sublinhou que "não há novas acusações conforme sugerido pelo Ministério Público (NPA, na sigla em inglês)", acrescentando que "os acusados devem apenas ser julgados pelo sistema judiciário".
O alto quadro político do ANC recusou-se a renunciar ao cargo de secretário-geral do partido no poder enquanto aguarda o seu julgamento por corrupção.
Observadores consideram a posição de Magashule como um desafio à política do Presidente Cyril Ramaphosa, que é também presidente da formação política, e do próprio ANC, que anunciou que "os membros do partido acusados pela Justiça de corrupção devem afastar-se do cargo até à conclusão dos respectivos processos criminais".
Ramaphosa enfrenta no seio do partido no poder forte oposição de Magashule e do ex-presidente Jacob Zuma, que também é acusado de múltiplos casos de corrupção na Justiça, desde que substituiu este último na liderança do ANC, em 2017, e na Presidência da República em 2018, prometendo combater a corrupção generalizada no seio do partido e do Estado.