Harare - A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO, em inglês), abriu hoje a sua 31ª Conferência Regional para África, durante a qual os países africanos vão analisar, entre outros assuntos, a crise alimentar no continente.
A pandemia de covid-19 agravou a insegurança alimentar e os níveis de subnutrição em vários países africanos, que são também afectados por conflitos internos, desemprego, os efeitos da crise climática e, no caso do Corno de África, uma praga de gafanhotos do deserto.
"Não temos outra escolha senão tomar medidas corajosas e aceleradas de colaboração para enfrentar estas crises que se sobrepõem e reconstruir melhor", disse o representante da FAO para África, Abebe Haile-Gabriel, citado pela agência espanhola, Efe, no seu discurso de abertura do fórum, em que é esperada a presença de mais de 80 ministros e ministros-adjuntos africanos.
O Zimbabwe acolhe esta edição, realizada de forma virtual, e o Governo do país manifestou interesse nas "boas recomendações" que deverão sair do encontro, com o objectivo de "reforçar as nações" de África face às consequências da covid-19, segundo o ministro zimbabweano da Terra, Agricultura, Água e Repovoamento Rural, Anxious Jongwe Masuka.
Na conferência, que decorre até quarta-feira, deverão ser abordados também os processos para melhorar a inovação digital na região e para acelerar a transformação agrícola.
Durante o dia de hoje foi debatida a necessidade de construir sistemas alimentares e agrícolas resistentes a choques climáticos, como secas e inundações, pragas e doenças transfronteiriças, assim como os progressos na segurança alimentar e nutrição em Estados insulares.
Estima-se que cerca de 20 milhões de africanos enfrentavam já insegurança alimentar na África Oriental e no Corno de África antes da pandemia, em parte devido às invasões de gafanhotos do deserto e pelas inundações, segundo o Programa Alimentar Mundial.
Segundo uma declaração emitida em Setembro pela organização não-governamental Save the Children, 67 mil crianças na África Subsaariana estavam em risco de morrer de fome extrema até ao final do ano devido a estes factores.