Maputo - As bancadas da Frelimo, partido no poder em Moçambique, e da Renamo, o maior da oposição, divergiram quanto a busca de soluções para acabar com os ataques terroristas que recentemente recrudesceram em alguns distritos da província de Cabo Delgado, segundo a agência moçambicana de noticias.
Discursando hoje em Maputo, na abertura da IX sessão ordinária da AR (Assembleia da Republica), o chefe da bancada parlamentar da Frelimo, Sérgio Pantie, disse que os ataques protagonizados pelos terroristas pretendem, mais uma vez, criar instabilidade em Cabo Delgado, por ser rica em recursos minerais.
A fonte sublinhou que Moçambique detém a terceira maior reserva mundial de gás natural.
Os ataques, segundo Pantie, visam impedir o processo de desenvolvimento do país.
“É fundamental que, do Rovuma ao Maputo e do Zumbo ao Índico, independentemente da nossa filiação política e ideológica, estejamos juntos e unidos, na busca da paz e sossego das nossas populações”, afirmou.
Por isso, Pantie apela uma maior vigilância e denuncia às autoridades qualquer tipo de movimentação estranha no seio das comunidades.
O chefe da bancada da Frelimo na AR encorajou as Forças de Defesa e Segurança de Moçambique (FDS) que, juntamente com as tropas do Rwanda e da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SAMIM), combatem o terrorismo em Cabo Delgado.
“É de justiça que homenageemos os comandantes e capitães e soldados que têm conduzido, com mestria, estes valentes jovens militares”, vincou Pantie.
Por seu turno, o chefe da bancada parlamentar da Renamo na AR, Viana Magalhães, disse que o recrudescimento dos ataques terroristas em Cabo Delgado deve-se a aproximação do fim do mandato do governo, que completa cinco anos em Janeiro de 2025.
Com o recrudescimento dos ataques terroristas, segundo Magalhães, há uma tentativa de anular a realização das eleições gerais, marcadas para 09 de Outubro próximo.
“Parece que as eleições incomodam a uma falange neste país. As acções demonstram claramente que se trata de mortes planificadas para pôr em pânico os moçambicanos, meter medo aos correligionários e agigantar-se a ideia de que o país está em guerra. Por isso não podemos ter eleições”, disse.
Magalhães disse que o governo não traz nenhuma explicação para os moçambicanos sobre o recrudescimento dos ataques terroristas em alguns distritos de Cabo Delgado.
“Estamos a assistir em Cabo Delgado uma guerra que não tem explicação por parte do governo”, disse.
No entanto, falando em conferência de imprensa na quarta-feira (21), em Pemba, capital de Cabo Delgado, o Presidente da República, Filipe Nyusi, disse que as FDS repeliram, recentemente, várias tentativas de ataque dos terroristas para o recrutamento compulsivo de jovens para engrossar as fileiras.
Prevê-se que a IX sessão ordinária da AR encerre a 30 de Maio próximo. DSC/AM