Praia - Cabo Verde acolhe na quarta-feira, 01 de Maio, a celebração dos 50 anos de libertação dos presos políticos do campo de concentração do Tarrafal, símbolo da opressão e violência da ditadura colonial portuguesa.
A libertação de quem se opunha ao regime aconteceu poucos dias depois de o regime fascista ter sido derrubado com a revolução do 25 de Abril de 1974 em Portugal.
Para celebrar os 50 anos, a presidência cabo-verdiana convidou e anunciou a presença dos chefes de Estado dos quatro países de origem dos presos políticos, que incluem Angola, Guiné-Bissau e Portugal.
O programa pretende estar à altura de "um marco na história de Cabo Verde" e "um capítulo essencial com repercussão nos movimentos de libertação nacional nas antigas colónias portuguesas em África", anunciou.
Luís Fonseca, antigo embaixador cabo-verdiano, secretário executivo da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) entre 2004 e 2008, usará da palavra como porta-voz dos presos políticos na cerimónia dos 50 anos da libertação do Tarrafal na próxima quarta-feira.
Depois de agredido pela PIDE, polícia política do regime, Luís Fonseca integrou o primeiro grupo de presos políticos cabo-verdianos a chegar ao Tarrafal (1970-1973).
À celebração do dia 01 de Maio, juntam-se outras iniciativas anunciadas em Março pelo Ministério da Cultura cabo-verdiano e Cooperação Portuguesa, que culminam com um simpósio internacional marcado para 09 de Maio.
O antigo Campo de Concentração do Tarrafal foi construído no ano de 1936 e recebeu os primeiros 152 presos políticos em 29 de Outubro do mesmo ano, tendo funcionado até 1956, encarcerando antifascistas portugueses.
Reabriu em 1962, com o nome de "Campo de Trabalho de Chão Bom", destinado a aprisionar e "reeducar" os anticolonialistas de Angola, Guiné-Bissau e Cabo Verde.
Ao todo, foram presas no "campo da morte lenta" mais de 500 pessoas: 340 antifascistas e 230 anticolonialistas.
Numa lápide evocativa erguida no interior do campo, estão inscritos os nomes de 36 pessoas que ali morreram: 32 portugueses, dois guineenses e dois angolanos.
Tarrafal fica na ponta noroeste, oposta à capital, Praia, a cerca de 70 quilómetros, duas horas de viagem pelas estradas que percorrem a ilha, pelo interior ou pela costa leste. JM