Praia - O primeiro-ministro de Cabo Verde, Ulisses Correia e Silva, disse hoje que o país está de braços abertos para os investimentos portugueses, nomeadamente no turismo, apresentando os indicadores de governação como argumento para captar mais investimento externo.
"As nossas portas estão abertas e temos todo o interesse em trazer mais investimento português para Cabo Verde, um país com estabilidade, boa governação, o mais livre em África segundo a Freedom House, o segundo em liberdade económica, uma moeda com paridade com o euro desde 1998, baixo índice de corrupção, e fortes relações económicas com os países da União Europeia, e especialmente com Portugal", disse Ulisses Correia e Silva.
No discurso de abertura da Conferência Empresarial sobre Oportunidades de Negócio, no âmbito da Bolsa de Turismo de Lisboa, Ulisses Correia e Silva apresentou as vantagens do país para os investidores, vincando o turismo e os transportes como duas áreas que são de particular interesse para os investidores.
"Os grupos turísticos de referência são convidados a investir em Cabo Verde para aumentar a capacidade de oferta, e há outras áreas em desenvolvimento, conexas com o turismo, como os transportes, em que o 'low-cost' vai ser uma realidade, temos a concessão dos aeroportos, que tem uma componente muito forte de promoção, porque quanto mais aviões aterrarem, mais teremos a possibilidade de rentabilizar todos os negócios", exemplificou o governante.
Para além dos indicadores de governação, Ulisses Correia e Silva apontou também a estabilidade macroeconómica como uma grande vantagem que o país tem para oferecer a quem busca um destino de investimento em África.
"Entre 2024 e 2026 temos uma concertação estratégica que procura, primeiro, garantir estabilidade macroeconómica para promover a melhoria do ambiente de negócios e diversificar a economia, que são as prioridades centrais até 2026", disse o governante, considerando que as crises da pandemia de covid-19 e do aumento dos preços, no seguimento da invasão da Ucrânia pela Rússia, estão a ser ultrapassadas.
"Essas crises conjuntas provocaram uma recessão [acumulada] de 20,8% do PIB, com 75% de queda da actividade turística, hotéis fechados e efeitos em cadeia no emprego e na pobreza, e em 2022 apanhámos com o choque inflacionista provocado pelo aumento dos preços energéticos, o que provocou uma inflação de 8% em 2022, quando em longos períodos andámos sempre pelos um ou 2%", lembrou Ulisses Correia e Silva.
No entanto, acrescentou, esse período está ultrapassado: "crescemos 6,8% em 2021 e em 2022 crescemos 17%, e em dois anos ultrapassámos a contracção de 2020, com o turismo a ultrapassar os 900 mil visitantes em 2023, acima da pandemia, e retomámos a trajectória descendente da dívida pública, que deverá descer dos 147% em 2021, para 110% este ano".
Cabo Verde é o país convidado da Bolsa de Turismo de Lisboa, que decorre até domingo em Lisboa. JM