Monróvia - Pelo menos 10 pessoas morreram quando um automóvel avançou segunda-feira à noite contra uma multidão de apoiantes de Joseph Boakai, disse o partido deste veterano político declarado vencedor das eleições presidenciais na Libéria horas antes.
Segundo o porta-voz do Partido da Unidade, Mohammed Ali, havia poucas dúvidas de que tivesse sido um acto deliberado do motorista que se pôs em fuga.
"Achamos difícil acreditar que o carro teve um problema mecânico ou que o travão falhou, pois disseram-nos que estava estacionado perto, acendeu os faróis e acelerou em direcção à multidão", lamentou Mohammed Ali, citado pela agência de notícias France-Presse (AFP).
O porta-voz disse que o ataque aconteceu depois das 21:00 (22:00 em Angola) quando apoiantes de Boakai comemoravam a vitória em frente aos escritórios do Partido da Unidade, no centro da capital, Monróvia.
Melvin Sacko, oficial da Polícia da Libéria, disse que o veículo se incendiou após atingir a multidão e que pelo menos 16 pessoas, das quais 12 homens e quatro mulheres, foram transportadas para o mesmo hospital.
A Polícia está a tentar localizar outras vítimas em outros hospitais, disse Sacko à AFP por telefone.
Questionado sobre a causa do incidente, o oficial respondeu que "a investigação ainda está em curso". "Não sabemos onde está o motorista", admitiu.
Vídeos publicados nas redes sociais mostram muitas pessoas ensanguentadas caídas no chão, algumas a receber assistência, outras com dificuldades em andar.
Joseph Boakai foi segunda-feira declarado vencedor das eleições presidenciais contra o actual presidente George Weah, pela Comissão Eleitoral Nacional, depois de terem sido contados os boletins de todas as assembleias de voto.
Boakai, de 78 anos, venceu com 50,64% dos votos, contra 49,36% de Weah, declarou à imprensa a presidente da Comissão Eleitoral Nacional (CNE), Davidetta Browne Lansanah.
O veterano ficou à frente de Weah por apenas 20.567 votos, num universo de pouco mais de 1,6 milhões de eleitores.
George Weah, uma antiga estrela do futebol eleita em 2017, reconheceu a vitória do adversário, num discurso difundido na emissora pública na sexta-feira à noite.
Os observadores da União Europeia e da Comunidade dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) tinham felicitado a Libéria pelo desenrolar "largamente pacífico" da segunda volta das presidenciais.
No entanto, a CEDEAO indicou ter registado incidentes isolados nas províncias de Lofa, Nimba, Bong e Montserrado que resultaram em "ferimentos e hospitalizações".
Este foi o primeiro acto eleitoral realizado sem a presença da missão da ONU (2003-2018), criada para garantir a paz após as guerras civis que causaram mais de 250 mil mortos entre 1989 e 2003.
Os confrontos durante a campanha causaram várias mortes antes da primeira volta e fizeram temer uma vaga de violência pós-eleitoral. CNB/GAR