Cairo - O Egipto duplicou hoje esforços de mediação para conter a escalada do conflito entre o grupo islamita Hamas e Israel, após a interrupção das negociações para tréguas na Faixa de Gaza, anunciou a televisão estatal egípcia Al-Qahera News.
Segundo a televisão, muito próxima dos serviços de informação egípcio, a equipa de mediação "intensificou os seus apelos para controlar a actual escalada do conflito entre as duas partes".
Uma fonte de "alto nível de segurança", citada pela Al-Qahera News sob anonimato, garantiu que as negociações para tréguas, que começaram há dois dias no Cairo entre delegações do Hamas, Egipto e Qatar, foram "interrompidas" devido à intensificação das tensões na Faixa de Gaza.
No domingo, um ataque realizado pelo braço armado do Hamas perto de Kerem Shalom, principal ponto de passagem da ajuda humanitária de Israel para Gaza, provocou a morte de três soldados israelitas e deixou 12 feridos.
Segundo o Hamas, Israel estava a organizar a invasão de Rafah a partir dessa zona do sul da Faixa de Gaza,
Hoje de manhã, o exército israelita pediu aos habitantes de Rafah para se deslocarem para "zonas humanitárias", indicando estar para breve um ataque de grande envergadura à região.
O Cairo acolheu, durante o fim de semana, uma nova ronda de negociações para alcançar uma trégua em Gaza, mas que não produziu resultados, já que o Hamas insiste que o pacto conduza ao fim da guerra, enquanto Israel rejeita categoricamente essa opção.
A delegação negociadora do Hamas deixou o Cairo no domingo e dirigiu-se a Doha, capital do Qatar, para consultas com os líderes do grupo, mas, segundo a Al-Qahera News, a equipa que representa o grupo islamita regressará à capital egípcia na terça-feira para continuar o processo.
As grandes divergências e os múltiplos fracassos das negociações levaram também o director da CIA norte-americana, William Burns, a deslocar-se a Doha para "contactos urgentes" antes de viajar para Israel e tentar relançar o processo de tréguas e de libertação dos reféns detidos pelo Hamas em Gaza.
A guerra na região teve início com um ataque inesperado do Hamas a Israel, a 07 de Outubro, que causou cerca de 1.200 mortos, a maioria dos quais civis, e o sequestro de mais de 250 reféns, dos quais 128 permanecem em cativeiro em Gaza e 35 terão morrido, de acordo com dados israelitas.
Em represália, Israel prometeu aniquilar o Hamas e lançou uma vasta ofensiva na Faixa de Gaza, que já causou cerca de 35.000 mortos, a maioria dos quais civis, de acordo com o Ministério da Saúde do movimento islamita palestiniano.DSC/CS