Cairo - O primeiro-ministro do Egipto, Mustafa Madbuli, lamentou hoje que as "pressões internas" dentro de Israel e do grupo islamita Hamas impeçam um acordo para uma trégua na Faixa de Gaza, já que nenhuma das partes está disposta a fazer concessões.
"Na minha análise, a situação é mais complicada devido à configuração política interna dos dois lados. Estou a falar de Israel e do Hamas", disse Mustafa Madbuli, durante um seminário sobre Gaza na reunião especial do Fórum Económico Mundial (WEF, sigla em inglês), realizada em Riade.
O chefe do Governo do Egipto - país mediador entre Israel e o Hamas, juntamente com o Qatar e os Estados Unidos - assegurou que há "muita pressão interna dos dois lados para não se chegar a qualquer tipo de compromisso".
Essa pressão torna "realmente difícil" alcançar um acordo sobre uma trégua, porque "não se busca a melhor solução e a mais correcta, que talvez seja do interesse público".
Sobre a retoma das negociações incentivada pelo Egipto, Madbuli assegurou que "há progressos em certas questões, mas ainda há pontos fundamentais sobre as quais deve haver uma espécie de compromisso das duas partes para aceitarem (um acordo), para que se possa chegar a uma solução".
"É isso que estamos a enfrentar", disse o chefe de Governo egípcio.
Hoje, uma delegação do Hamas chegou ao Cairo para manter "conversações alargadas" com responsáveis das agências de segurança do Egipto sobre a mais recente proposta para alcançar um cessar-fogo na Faixa de Gaza, informou a televisão estatal egípcia Al-Qahera News.
Por outro lado, Madbuli insistiu que "o mais importante é trabalhar para evitar um ataque a Rafah", cidade no extremo sul de Gaza que faz fronteira com o Egito e onde cerca de 1,4 milhões de pessoas deslocadas pela guerra no enclave palestiniano estão a viver neste momento.
Uma invasão israelita de Rafah seria "catastrófica", segundo o primeiro-ministro egípcio, sublinhando que tal acção poderia "pressionar (a população de Gaza) a atravessar a fronteira para o Egipto".
"É claro que, como Governo, estaremos prontos do ponto de vista humanitário para fornecer qualquer tipo de apoio aos palestinianos. Mas se falarmos sobre os efeitos políticos, isso contribuirá para a liquidação completa da causa palestiniana", alertou Madbuli.
"Tudo isso nos coloca, como sociedade internacional, numa situação em que temos de fazer todo o possível para evitar a invasão de Rafah e realmente pressionar os dois lados para chegarem a um acordo de cessar-fogo e terem pelo menos um período em que as negociações possam começar", concluiu.CS