Empresário sudanês diz que alterações climáticas não se resolvem com vacina

     África           
  • Luanda     Sexta, 23 Abril De 2021    14h22  

Cartum - O empresário e filantropo sudanês Mohamed Ibrahim advertiu hoje que as alterações climáticas não podem ser resolvidas com uma vacina, defendendo que é imperativo começar a trabalhar agora num futuro verde, "se quisermos ter futuro".

"O próximo grande teste é o clima e, infelizmente, não há uma vacina, nem nenhum medicamento que possamos desenvolver, para lidar com as alterações climáticas", disse.

"Precisamos mesmo de trabalhar imediatamente num futuro verde se queremos ter a esperança de ter um futuro. É imperativo", acrescentou.

O empresário e presidente da Fundação Mo Ibrahim falava hoje durante um dos debates do Fórum de Investimento Verde UE-África, organizado pela Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia e pelo Banco Europeu de Investimento, para debater a transição para uma economia verde no continente africano.

O fórum enquadra-se na preparação da próxima cimeira União Africana (UA)/União Europeia (UE) - adiada de 2020 e ainda sem data marcada - e encerra um mês de diálogo entre europeus e africanos sobre desenvolvimento sustentável e investimento verde, que incluiu a realização de 23 conferências virtuais a partir de várias cidades europeias e africanas.

Mo Ibrahim, como é conhecido, considerou que a pandemia de covid-19, declarada em 2020, foi "o verdadeiro teste das nossas vidas", considerando que "não estávamos preparados" e falhou-se na resposta.

"A maioria dos nossos governos ignorou aconselhamentos científicos e todos falhámos", disse, manifestando a expectativa de uma reacção diferente no próximo grande teste que, considerou, serão os efeitos das alterações climáticas.

Neste contexto, apontou como prioridade para África o acesso à energia, particularmente à energia solar.

"Temos 500 milhões de pessoas em África sem acesso a energia, sobretudo nas zonas rurais, e sem energia não há desenvolvimento social e económico", defendeu.

"A energia solar é o futuro em África. Temos sol, demasiado sol até. A energia solar é competitiva, barata e tem a fantástica vantagem de poder ser levada a todas as comunidades muito rapidamente", afirmou.

Para o empresário, que fez fortuna na área das telecomunicações, os largos espaços de África tornam "irrealista" a ideia de expandir a rede eléctrica através do deserto do Saara ou das vastas florestas do continente.

"É demasiado caro, inseguro e levaria séculos", disse, traçando um paralelo com as telecomunicações.

"Temos linhas fixas em África há mais de 100 anos, mas no ano 2000, tínhamos apenas três milhões de pessoas com acesso a telefones. Com a tecnologia móvel, de repente, passámos a ter 700 milhões de pessoas com acesso", apontou.

O filantropo, que integra o Conselho para os Estados Frágeis, sublinhou igualmente o papel determinante do acesso à energia no desenvolvimento destes países.

"A energia solar muda a vida das pessoas da noite para o dia, dá esperança no futuro, cria empregos e actividade económica. É uma área onde temos de nos focar", disse, defendendo que o investimento público não é suficiente e que é preciso "encontrar maneira de trazer dinheiro privado" para este sector.

Mo Ibrahim defendeu que é preciso "atrair esse dinheiro e formas inovadoras e trazer investidores para África", destacando, neste sentido, a importância de melhorar os sistemas de governação africanos, uma das principais vertentes de actuação da sua fundação, criada há 15 anos.

"Boa governação e Estado de direito são fundamentais para atrair investidores. Não há uma bala de prata, temos de conjugar melhorar vida das pessoas, a boa governação, o investimento do sector privado e visar os sectores certos da economia", considerou.

"Em África, o sector certo é o da energia porque permite tirar as pessoas da pobreza mais rapidamente do que qualquer outra coisa que possamos fazer", concluiu.



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