Mogadíscio - O enviado da ONU para a Somália, James Swan, apelou hoje a um consenso no país para realizar eleições "o mais depressa possível" e evitar uma escalada após o tiroteio na sexta-feira, à margem de uma manifestação da oposição.
Numa videoconferência trimestral do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), James Swan exortou "todos os líderes políticos somalis a rejeitar o confronto e evitar tácticas arriscadas".
"Pelo contrário, agora é o momento de diálogo e de compromisso para se chegar a um acordo político inclusivo e credível para realizar eleições o mais rapidamente possível, com base no modelo estabelecido a 17 de Setembro", acrescentou.
A Somália, que se encontra numa crise política, deveria realizar eleições antes de 08 de Fevereiro, data em que o mandato do Presidente Mohamed Abdullahi Mohamed, conhecido como Farmajo, acabou, mas o país não pôde realizá-las devido a divergências políticas.
Uma coligação de candidatos da oposição julgou, desde 08 de Fevereiro, o Presidente ilegítimo e apelou à realização de manifestações a exigir a sua demissão.
"Continuo convencido de que o modelo consensual de 17 de Dezembro oferece a melhor opção disponível para um processo eleitoral rápido para a selecção de parlamentares, senadores e do Presidente", insistiu o enviado da ONU.
"A mensagem dos parceiros é clara: não deve haver eleições parciais, processos paralelos e acções unilaterais por parte dos líderes somalis. Tais abordagens apenas conduziriam a uma maior divisão e ao risco de confrontação", advertiu o representante das Nações Unidas na Somália.
Desde sexta-feira que as armas se calaram, mas as divisões políticas não desapareceram, como salientou Francisco Madeira, representante da União Africana e chefe da missão de paz na Somália (Amisom).
É necessário um espírito construtivo e de diálogo para permitir eleições credíveis o mais depressa possível, acrescentou.
Na Somália, onde os rebeldes islâmicos do Al-Shabab permanecem muito activos, o frágil Governo federal controla apenas parte do território, apesar do apoio da força Amisom da União Africana, em grande parte financiada pela União Europeia.
O mandato desta força expira a 28 de Fevereiro e deverá ser renovado no final da semana pelo Conselho de Segurança da ONU.