Addis Abeba - A Etiópia realizou hoje eleições gerais sem incidentes, em locais que não puderam ir a votos em 21 de Junho, devido a irregularidades e problemas de segurança, nomeadamente pela guerra interna no país.
Mais de sete milhões de pessoas, que não puderam votar em Junho, foram hoje chamadas às urnas nas regiões de Somali (leste), Harari (centro-leste) e na Região das Nações, Nacionalidades e Povos do Sul.
"A votação em todos os círculos eleitorais dos três estados regionais decorreu sem problemas, à excepção de uma breve interrupção numa mesa de voto na região de Somali", comunicou a presidente da Comissão Nacional de Eleições da Etiópia (NEBE), Birtukan Midekessa, numa conferência de imprensa em Addis Abeba.
A Frente de Libertação Nacional Ogaden (ONLF), o principal partido da oposição na região de Somali, retirou-se há semanas da corrida eleitoral na região e em Harari, declarando que existiam irregularidades e assédio aos seus membros.
O Partido da Prosperidade (PP), liderado pelo primeiro-ministro etíope Abiy Ahmed, foi declarado vencedor das eleições de 21 de Junho pela NEBE em 10 de Julho.
O PP ganhou 410 dos 436 círculos eleitorais que representavam o número de assentos da assembleia legislativa que foram às urnas.
Esta vitória assegura que, independentemente dos resultados das eleições de hoje, Abiy renova o seu mandato por mais cinco anos. Espera-se que o Presidente forme um novo governo na próxima segunda-feira.
As eleições, que foram consideradas as mais democráticas da história da Etiópia, foram o primeiro teste nas sondagens para Abiy Ahmed, vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2019, desde que chegou ao poder em 2018, com um programa muito reformista.
Mais de 40 partidos apresentaram candidatos alternativos ao PP, mas este era apontado, desde inicio, como vencedor face a uma oposição fragmentada.
A votação de hoje teve lugar sob a sombra do conflito em Tigray.
A guerra, nesta região, dura há mais de dez meses. Abiy Ahmed enviou o exército para o local de modo a derrubar as autoridades regionais da Frente Popular de Libertação do Tigray (TPLF), que acusa de orquestrar ataques aos campos militares federais.
A crise da Etiópia levou a Organização das Nações Unidas (ONU), os Estados Unidos da América e outros países a instar as partes beligerantes a parar os combates e a tomar medidas para a paz.