Nova Iorque – A China e a Rússia vetaram sexta-feira, 05, em Nova Iorque, a adopção de uma declaração do Conselho de segurança da ONU sugerindo o “fim da violência” no Tigray (Etiópia).
O veto das duas grandes potenciam mundiais levou ao abandono do projecto do texto, depois de dois dias de negociações.
Citando fontes diplomáticas que falaram sob o anonimato, a AFP escreve que não haverá declaração, porque não houve consenso
“Um outro diplomata explicou que a China bloqueou o projecto, exigindo a retirada do texto, muitas vezes remodelado, desde quinta-feira”, explicou um outro diplomata, algo considerado inaceitável pelos países ocidentais e a Irlanda, membro não permanente do Conselho se segurança que escreveu o projecto de declaração.
A Rússia juntou-se à China, enquanto a India opôs-se ao de leve por um pequeno detalhe que precisava de uma emenda, explicaram os diplomatas.
Pequim e Moscovo que não se pronunciaram de imediato consideram que o conflito armado em Tigray iniciado em Novembro último era “uma questão interna”, admitindo aceitar um texto ligado a situação humanitária naquela região dissidente da Etiópia.
Quinta-feira, o Conselho de segurança da ONU, organizou uma vídeo conferencia à porta fechada sobre o Tigray, sem ter havido consenso sobre uma declaração conjunta.
Pela primeira vez, desde o inicio do conflito, os países africanos membros não permanentes do Conselho, nomeadamente Kenya, Níger e Tunísia, que até lá privilegiavam uma resolução da crise através da União africana, apoiaram a adopção de uma declaração.
"Já era insuportável”, para os países africanos, por causa da agravação da crise”, explicou na altura um diplomata à AFP.
Na videoconferência, pela primeira vez, o secretário-geral adjunto da ONU para os Assuntos humanitários, Mark Lowcock, exigiu da Eritreia a retirada das suas tropas de Tigray, num implícito reconhecimento da presença das forças Eritreia na frente de combate.
"As forças de defesa da Eritreia devem sair da Etiópia, e não podem continuar a sua campanha de destruição”, insistiu.
Enquanto isso, em Genebra, a alta comissária da ONU para os Direitos humanos, Michelle Bachelet, acusou o exército eritreu de cometer atrocidades em Tigray.
De uma forma geral, Bachelet apelou a “um inquérito independente e objectivo” por causa daquilo que considerou “violações graves”, susceptíveis de constituir "crimes de guerra e crimes contra a humanidade" no Tigray.