Etiópia rejeita investigação independente no Tigray

     África           
  • Luanda     Quarta, 09 Dezembro De 2020    16h57  

Addis Abeba - A Etiópia rejeita os pedidos de uma investigação independente sobre o conflito no estado de Tigray, no norte do país, e afirma que não precisa de uma 'baby-sitter', deixou claro um alto representante do Governo etíope.

"A Etiópia é dirigida por um governo forte e funcional, que sabe como dirigir a nação. Não precisa de uma 'babysitter'", afirmou aos jornalistas, Redwan Hussein, porta-voz do executivo etíope, numa conferência de imprensa esta terça-feira à noite em Addis Abeba, e divulgada no Youtube.

A declaração surge na sequência de apelos internacionais para uma maior transparência nos combates que há pouco mais de um mês colocam frente-a-frente as forças federais etíopes e as forças e milícias do governo estadual do Tigray, entretanto em fuga, que se pensa terem morto milhares de pessoas, incluindo civis. Pelo menos um massacre em grande escala foi documentado, mas há suspeitas de que outros podem ter acontecido.

"Vamos permitir uma investigação independente quando sentirmos que falhámos", afirmou Hussein.

"Quando sentirmos que não conseguimos investigar, convidaremos outros a ajudar-nos. Assumir que a Etiópia não tem um Governo funcional e - seja quem for - assumir que pode vir cá fazer coisas que não conseguimos fazer é depreciar o Governo", acrescentou.

"Ninguém está mais preocupado connosco do que nós próprios. O que aconteceu em Tigray aconteceu-nos a nós, aconteceu-nos por nós. A primeira entidade em relação à qual somos responsáveis é o povo etíope. Vamos constituir as provas, estão a ser recolhidas, fotos e vídeos e relatos testemunhais, que serão levadas a tribunal de acordo com os standards internacionais e nacionais, para depois serem julgados pelo povo", afirmou.

O alto funcionário do Governo etíope reiterou que os combates terminaram no estado separatista e que - apesar de reconhecer a existência de "disparos esporádicos, semelhantes ao que acontece noutras regiões para além do Tigray" - o domínio da segurança na região é agora uma "questão de polícia".

Assim que as "novas autoridades" forem instaladas, também esta instabilidade, sobretudo na capital do estado, Mekele, e noutras localidades maiores, provocada por "elementos de milícias e de forças especiais disfarçados entre a população", será "resolvida pela polícia", disse.

A operação entrou "numa segunda fase", disse ainda Hussein. Prossegue a busca e detenção dos ex-dirigentes do estado, que o responsável estimou vir a acontecer nos próximos "dias e semanas", e, em paralelo, o governo começa a prestar assistência humanitária na região.

A frustração cresce, no entanto, à medida que a região permanece, em grande parte, isolada do mundo exterior, com falta de alimentos e de medicamentos para uma população de 6 milhões de pessoas, um milhão das quais se acredita serem deslocados.

Mekele, a capital do estado, onde residem cerca de meio milhão de pessoas, está "basicamente sem cuidados médicos", disse aos jornalistas esta terça-feira o diretor-geral do Comité Internacional da Cruz Vermelha, Robert Mardini, citado pela agência Associated Press.

O hospital de referência da cidade ficou sem provisões, incluindo combustível para os geradores de energia, indicou. "Os médicos e enfermeiros foram forçados a tomar decisões horríveis de vida ou morte", disse ainda Mardini, indicando que "suspenderam os serviços de cuidados intensivos e estão a prestar cuidados como o parto de bebés ou tratamentos de diálise".

Uma escolta conjunta do CICV e da Cruz Vermelha da Etiópia - a primeira caravana internacional a chegar à cidade desde o início dos combates - com provisões para centenas de feridos, está pronta para ir para Mekele, mas aguarda aprovação, acrescentou.

Uma semana depois da assinatura de um acordo entre o governo etíope e as Nações Unidas, que permite o acesso humanitária, Addis Abeba apenas está a autorizar o envio pontual de ajuda às zonas que controla, e estas foram até agora as localidades mais pequenas, segundo o próprio Redwan Hussein.

Mais uma vez, e também neste domínio, o responsável sublinhou que o Governo tem a "experiência" e as "capacidades" necessárias para levar a cabo a operação humanitária e reforçou que "os parceiros" internacionais apenas chegarão quando e onde forem autorizados, em resposta à indicação pelos jornalistas de que uma missão humanitária tinha sido impedida a tiro de chegar ao seu destino.





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