Burkina Faso - O ex-Presidente da Guiné Conakry Moussa Dadis Camará denunciou esta quarta-feira em tribunal ter sido derrubado em resultado de uma "conspiração internacional", na qual envolveu dois sucessores e o ex-presidente do Burkina-Faso, Blaise Compaoré.
O capitão Camará, que está a ser julgado pela sua responsabilidade de um massacre no estádio de Conakry, em 28 de Setembro de 2009, tomou o poder, com um grupo de oficiais, em 23 de Dezembro de 2008 após o anúncio da morte do Presidente Lansana Conté.
O ex-presidente, juntamente com mais 10 ex-militares e funcionários governamentais, está a ser julgado desde 28 de Setembro da acusação de uma série de assassínios, actos de tortura, violação e outros sequestros cometidos em 28 de Setembro de 2009 pelas forças de segurança no estádio onde dezenas de milhares de simpatizantes da oposição se juntaram para dissuadir o capitão Camará de concorrer às eleições presidenciais previstas para Janeiro de 2010.
Os abusos continuaram nos dias seguintes e, na ocasião, 156 pessoas foram mortas e centenas feridas, e, pelo menos, 109 mulheres foram violadas, de acordo com o relatório de uma comissão de inquérito mandatada pela Organização das Nações Unidas (ONU).
Em 03 de Dezembro de 2009, o seu ajudante de campo, tenente Aboubacar Sidiki Diakité, conhecido como 'Toumba', alvejou-o por alegadamente o ter tentado responsabilizar pelo massacre.
Moussa Dadis Camará foi então transportado para Marrocos e depois para o Burkina Faso onde, em Janeiro de 2010, por mediação da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), renunciou ao poder.
Durante a sua primeira audiência em Dezembro, Dadis Camará já havia falado de uma "conspiração" e incriminado o seu ex-ajudante de campo no massacre.