Joanesburgo - A extradição do suspeito de genocídio no Rwanda Fulgence Kayishema para enfrentar a justiça internacional foi adiada por razões técnicas na África do Sul, país onde foi detido depois de 22 anos a fugir à justiça.
O homem de 62 anos, que não participou na sessão de hoje no tribunal, tinha apresentado recurso em Junho para ficar na África do Sul, com o seu advogado a dizer que isso iria permitir "suspender" a extradição e que o seu cliente "temia pela sua vida" se fosse extraditado, segundo a agência Associated Press.
O mecanismo internacional criado especificamente para o genocídio no Rwanda, nos anos de 1990, quer julgar Kayishema por alegada conspiração para organizar um genocídio e participação nos homicídios, em particular pelo seu alegado papel na morte de cerca de 2.000 refugiados deslocados internamente na igreja católica de Nyange, no noroeste do Rwanda.
O antigo polícia viveu durante anos na África do Sul, onde foi detido em Maio último, no âmbito de uma operação conjunta do Mecanismo Residual Internacional para os Tribunais Penais (IRMCT) e das autoridades sul-africanas.
O suspeito usava muitos pseudónimos e documentos falsos para ocultar a sua identidade e contava com uma rede de apoiantes de confiança, incluindo membros da sua família e das Forças Democráticas para a Libertação do Rwanda (FDLR), um grupo rebelde de etnia ruandesa com base na vizinha República Democrática do Congo (RDCongo).
O genocídio teve início em 07 de Abril de 1994, um dia depois do avião que transportava os presidentes do Rwanda, Juvénal Habyarimana, e do Burundi, Cyprien Ntaryamira (ambos hutus), ter sido abatido sobre a capital rwandesa (Kigali).
O massacre que se seguiu, e que o Governo local atribuiu aos rebeldes tutsis da Frente Patriótica Ruandesa (RPF), contra os quais estava em guerra desde 1990, matou pelo menos 800 mil tutsis e hutus moderados em pouco mais de três meses.DSC