Praia - Os reservatórios de recarga natural das águas subterrâneas em Cabo Verde estão no "limite mínimo" das suas capacidades, devido à falta de chuva nos últimos anos, disse hoje o presidente da Agência Nacional de Água e Saneamento (ANAS).
"Devido à falta de precipitação registada nos últimos anos, não tem havido a recuperação dos volumes de água nos principais reservatórios de recarga natural das águas subterrâneas, estando estes no limite mínimo das suas capacidades", afirmou Cláudio Santos, na Praia, numa conferência de imprensa sobre a campanha agrícola 2022/2023.
O presidente da ANAS disse que a maior parte das bacias hidrográficas de Cabo Verde são caracterizadas pela ausência de cursos de água permanentes e que só é possível garantir uma oferta contínua de água para o abastecimento público e para rega, com recurso ao lençol subterrâneo, durante os meses de seca.
Este responsável disse que as barragens e as principais rochas que alimentam os furos, poços e nascentes estão nos seus "mínimos", em comparação com os volumes historicamente medidos, apresentando um "acentuado decréscimo" na capacidade de armazenamento de água subterrânea.
O presidente disse ainda que a ANAS tem verificado que os caudais afluentes dos principais pontos de água permaneceram próximas aos caudais mínimos historicamente medidos, com decréscimo na capacidade de armazenamento, ou seja, que as principais bacias hidrográficas de Cabo Verde apresentam uma tendência na redução do caudal de produção.
Em Janeiro de 2020, a ANAS apresentou um relatório anual, dando conta que o país registou durante todo o ano de 2017 perdas físicas de água de mais de seis milhões de metros cúbicos, com as autoridades a prometerem ultrapassar esse desafio com investimentos.
Segundo o documento, nesse ano o país registou 17.378.471 metros cúbicos de água entrados no sistema de abastecimento, mas no mesmo período facturou 10.983.368 metros cúbicos desse total, o que equivale a perdas físicas de 6.395.103 metros cúbicos de água por ano, num país em que as chuvas são irregulares e que enfrenta anos de seca.
Em 2018, o então presidente da agência, Miguel Moura, avançou que as barragens do país estavam com menos de 3,6% da sua capacidade de água, devido à falta de chuva nesse ano e o Governo voltou a apelar a população para "comportamentos sustentáveis" e "uso racional" da água. AM/JM