Ghana/Eleições: Actual e anterior presidentes enfrentam-se nas urnas pela 3.ª vez

     África           
  • Luanda     Sábado, 05 Dezembro De 2020    11h14  
Eleições Livres e Justas
Eleições Livres e Justas
Lino Guimarães

ACRA - O actual e o anterior Presidentes do Ghana, Nana Akufo-Addo e John Mahama, respectivamente, disputam esta segunda-feira pela terceira vez a mais alta magistratura do país, num escrutínio renhido, com 17 milhões de eleitores inscritos, metade dos quais com menos de 35 anos.

Não obstante 11 outros candidatos, entre os quais três mulheres, as presidenciais do Ghana, reputado como exemplo de democracia na África Ocidental, serão decididas entre Nana Akufo-Addo, 76 anos, candidato pelo Novo Partido Patriótico (NPP), que procura um segundo mandato, e o seu antecessor John Mahama, 62 anos, líder da oposição do Congresso Nacional Democrático (NDC).

Os dois políticos enfrentaram-se nas urnas em 2012 e 2016 em escrutínios renhidos e os de segunda-feira - presidencial e legislativo - não se afiguram muito diferentes.

As sondagens apontam para uma ligeira vantagem de Akufo-Addo nas intenções de voto, mas a maioria do NPP no parlamento, cujos 275 lugares também vão a votos, deverá ser corroída. Os dois partidos dominam a vida política do país desde o estabelecimento da democracia há 28 anos.

Desemprego, infra-estruturas e estradas, educação e saúde são as questões que irão pautar o destino dos votos, ainda de acordo com inquéritos pré-eleitorais.

O Ghana, principal produtor mundial de ouro desde o ano passado, tendo ultrapassado a África do Sul, segundo maior produtor mundial de cacau, mas também rico em petróleo, diamantes, bauxite e manganésio, vem a protagonizar um forte crescimento desde o início dos anos 2000.

Não obstante, algumas regiões, particularmente no Norte, continuam a viver em extrema pobreza, sem água potável ou electricidade.

A crise provocada pela pandemia de covid-19 atingiu duramente o país, esperando-se que o crescimento este ano caia para 0,9%, segundo o Fundo Monetário Internacional, a taxa mais baixa em mais de 30 anos, que compara com um crescimento de 6,5% em 2019.

Akufo-Addo foi elogiado pela sua gestão da crise, cumpriu algumas das promessas feitas na campanha para as presidenciais de 2016, nomeadamente no domínio da educação e no acesso à electricidade. Em contrapartida, desapontou no seu principal compromisso: o combate à corrupção, que lhe rendeu frutos importantes na campanha que sucedeu ao mandato de John Mahama, marcado por acusações de corrupção.

De acordo com um inquérito do Afrobarómetro realizado em 2019, 53% dos ghaneses acreditam que o nível de corrupção aumentou no país. Num incidente que torna a questão ainda mais densa, o procurador especial anticorrupção, uma figura criada por Akufo-Addo, e cujo responsável foi nomeado logo após a sua eleição, demitiu-se em Novembro, acusando o chefe de Estado de obstruir o seu trabalho.

Mahama terá, pelo seu lado, que fazer esquecer as acusações de má gestão económica, mas também a associação a escândalos de corrupção, que impediram a sua reeleição em 2016.

Desta vez, contudo, conta com a companheira de candidatura e candidata à vice-presidência, Jane Naana Opoku-Agyemang, antiga ministra da Educação, reputada como íntegra, e oriunda do centro do país, uma das regiões-chave para vencer as eleições.

Sem grandes comícios ou manifestações, as várias candidaturas optaram por campanhas porta-a-porta, e os eleitores foram encorajados a ir às urnas por mensagem de texto.

"Há alguns partidos e actividades organizadas pelos apoiantes e slogans políticos que são repetidamente tocados na rádio, mas não há grandes concentrações", disse à agência France Presse Kojo Asante, do Centro Ghanês para o Desenvolvimento Democrático.

A campanha deste ano assumiu contornos diferentes por causa da pandemia do coronavírus, mas também por algum cansaço. "Esta é uma eleição de balanços", disse à AFP Bernard Twum-Ampofo, um funcionário público, entrevistado na capital. "É preciso comparar os resultados dos dois principais candidatos (...) e escolher o melhor.

O actual Presidente "introduziu as escolas secundárias gratuitas" e Mahama "deu-nos infra-estruturas", disse ainda, acrescentando que ainda não fez a sua escolha.

"Na segunda-feira irei às urnas porque o Gana precisa de uma terceira força, estamos cansados da política da NDC e da NPP", disse Gifty Inkoom, um estudante de enfermagem.

O Gana tem até agora escapado à violência pós-eleitoral e as transições políticas têm sido pacíficas, ao contrário de muitos dos seus vizinhos da África Ocidental.

O período pré-eleitoral foi, porém, marcado este ano por confrontos, com a oposição a acusar a comissão eleitoral, em particular, de falta de neutralidade.

"As tensões entre as duas formações principais não se dissiparam completamente e os resultados podem vir a ser contestados", alertou Sam Kwarkye, analista do Instituto de Estudos de Segurança.

As eleições devem, no entanto, decorrer em ambiente calmo, na perspectiva de Kojo Asante, do Centro Ghanês para o Desenvolvimento Democrático.

O grande número de observadores internacionais presentes nos locais de voto é sinal de que "todos querem que as eleições no Gana corram bem", disse Asante, para quem "já existem demasiados pontos quentes para tratar na região".

Na sexta-feira, Nana Akufo-Addo e John Mahama assinaram um "pacto de paz", comprometendo-se a não promover qualquer violência durante a votação de segunda-feira e o anúncio dos resultados.

Mais de 62 mil efectivos de segurança deslocados em todo o país, de acordo com a polícia, e um "pacto de paz" assinado hoje entre os dois principais rivais na corrida à presidência do país, deverão garantir que tal aconteça.





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