Mogadíscio - Um tribunal somali condenou hoje um jornalista freelancer a dois meses de prisão sob a acusação de ameaça à segurança nacional, um caso criticado por activistas de direitos humanos e grupos de comunicação social, segundo uma associação de imprensa.
A condenação de Abdalle Ahmed Mumin é "uma clara farsa da justiça", disse no Twitter o presidente do Sindicato dos Jornalistas da Somália (SJS), prometendo recorrer da decisão contra o jornalista, que é também o secretário-geral da organização.
A decisão não só "envia uma mensagem arrepiante a toda a comunidade dos meios de comunicação social, mas também instala o medo entre os profissionais e grupos de liberdade de imprensa", acrescentou Ibrahim.
Antes da condenação, grupos de direitos humanos, incluindo a Amnistia Internacional, a Human Rights Watch e o Instituto Internacional de Imprensa, tinham apelado para que a acusação caísse, afirmando que Mumin tinha sido alvo de ameaças e perseguições constantes por parte das autoridades somalis por defender o direito à liberdade de expressão.
As acusações contribuem "significativamente para o encerramento do espaço cívico no país", disseram numa carta conjunta ao procurador-geral da Somália em Dezembro.
Abdalle Ahmed Mumin foi preso em Outubro, pouco depois de uma decisão governamental de intensificar a repressão contra os meios de comunicação social que as autoridades acreditam estar envolvidos em propaganda para os radicais da Al-Shebab.
O SJS e quatro outros grupos de comunicação social protestaram contra a decisão do Governo, afirmando que ela restringiria a liberdade de expressão.
A organização Repórteres sem Fronteiras (RSF) classifica a Somália no 140º lugar, entre 180 países, na sua lista global de liberdade de imprensa, com mais de 50 jornalistas mortos no país desde 2010.
De acordo com a RSF, a Somália (17 milhões de habitantes) é o país mais perigoso para os jornalistas em África. São principalmente ameaçados pela Al-Shebab, ligado à Al-Qaida, que tenta derrubar o governo apoiado internacionalmente, mas as autoridades são também acusadas de violações.