Maseru - O Governo do Lesoto impôs um recolher obrigatório noturno nesta terça-feira, na sequência da morte a tiro de um conhecido jornalista de investigação na capital, Maseru, num contexto de crescente insegurança no país africano.
O ministro dos Assuntos Internos do Lesoto, Lebona Lephema, especificou que o recolher obrigatório estará em vigor entre as 22:00 e as 04:00 locais, com penas até dois anos de prisão para quem o violar, conforme noticiado pelo The Post.
A medida foi anunciada após Ralikonelo Joki, um jornalista de investigação e profissional de rádio, ter sido morto a tiro no domingo, em Maseru, sem que ainda se saiba quem esteve por trás do crime. As autoridades não detiveram nenhum suspeito.
De acordo com o Lesotho Times, Joki foi alvejado no seu veículo depois de ter saído dos escritórios da estação de rádio Tsénolo FM, onde tinha terminado de apresentar o seu programa.
O director da estação de rádio, Mshengo Shabalala, disse que os atacantes abriram fogo contra o jornalista quando estava à espera num cruzamento, em frente à estação, para entrar numa autoestrada.
O Comité para a Protecção dos Jornalistas (CPJ) apelou às autoridades para que conduzam uma investigação "credível" sobre a morte de Ralikonelo Joki, a fim de processar os responsáveis pela morte do jornalista, que apresentava o programa Hlokoana-La-Tsela, cobrindo notícias sobre agricultura, acção do governo e corrupção.
Em 2021, o jornalista divulgou um caso sobre cinco políticos envolvidos na venda ilegal de álcool. Em Março e Abril deste ano, Joki foi ameaçado de morte através da rede social Facebook devido ao seu trabalho como jornalista, enquanto a estação Tsénolo FM foi palco de um assalto à mão armada, em 2015, devido à sua cobertura crítica das autoridades.
A coordenadora do programa do CPJ em África, Angela Quintal, sublinhou que "as autoridades do Lesoto têm de investigar a fundo" o incidente e "garantir que os responsáveis sejam levados à justiça".MOY/DSC