Cartum - O Ministério sudanês dos Negócios Estrangeiros anunciou hoje o "congelamento das relações com a IGAD", o bloco regional da África Oriental, que acusou de "violar a soberania do Sudão".
Num comunicado, o Ministério dos Negócios Estrangeiros refere ter informado a IGAD (Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento) da decisão do Sudão de cessar a cooperação e congelar as suas relações" com esta organização.
Desde 15 de Abril de 2023, o Exército sudanês e a milícia das Forças de Apoio Rápido (RSF, na sigla em inglês), do general Mohammed Hamdane Daglo, estão em guerra pelo poder no Sudão.
De acordo com uma estimativa da Organização não Governamental (ONG) ACLED, mais de 13 mil pessoas morreram no conflito, até agora.
Além disso, mais de sete milhões de pessoas foram deslocadas, segundo as Nações Unidas (ONU), tornando o Sudão na nação com a maior crise de refugiados do mundo.
O chefe das RSF viajou por África nas últimas semanas e foi convidado pela IGAD para uma reunião em Kampala, no Uganda.
"Convidar o chefe da milícia RSF constitui um precedente perigoso e viola a Carta da IGAD", acrescentou o Ministério.
Nos últimos meses, o Exército e o Governo sudaneses têm denunciado a "parcialidade" do bloco regional e das capitais da África Oriental.
Os esforços diplomáticos para as negociações de paz, nomeadamente por parte dos Estados Unidos, da Arábia Saudita e, mais recentemente, da IGAD, falharam até agora.
Os generais Abdel Fattah al-Burhane e Mohammed Hamdane Daglo tinham anteriormente unido forças para liderar um golpe de Estado e expulsar os civis do poder, em Outubro de 2021, pondo fim a dois anos de transição democrática.
No terreno, as RSF parecem estar a ganhar novos territórios. Actualmente, controlam as ruas de Cartum, a quase totalidade da vasta região ocidental do Darfur e penetraram no Estado de Al Jazira, no centro-leste do país. JM