Ouagadougou - O número de militares mortos numa emboscada na quarta-feira no norte do Burkina Faso, considerada um dos ataques mais graves ao Exército em cinco anos, subiu para 14, segundo nova avaliação revelada hoje por uma fonte de segurança.
"Após a emboscada de ontem [quarta-feira] contra elementos do destacamento de Tin Akoff, 13 soldados e um oficial foram mortos", disse uma fonte de segurança, citada pela agência de notícias France Presse, sob condição de anonimato.
O ataque ocorreu em plena campanha para as eleições presidenciais e legislativas no país, marcadas para 22 de Novembro.
Hoje de manhã, tinham sido divulgadas sete mortes na sequência do ataque.
"Uma patrulha militar foi emboscada entre Tin Akoff e Beldiabé", localidades situadas na província de Oudalan, na fronteira com o Mali e o Níger, disse uma fonte de segurança.
"A contagem provisória é de sete soldados mortos e vários feridos", estando "desaparecidos" outros militares, referiu então a mesma fonte.
"Uma operação de busca está a decorrer para rastrear os atacantes e procurar os elementos que estão desaparecidos", afirmou outra fonte de segurança, confirmando o ataque.
A última emboscada contra soldados no norte de Burkina Faso, a área do país mais afetada pelos ataques dos 'jihadistas', ocorreu a 11 de Setembro. Na ocasião, quatro soldados foram mortos.
O Burkina Faso, que vive uma espiral de ataques 'jihadistas' há cinco anos, tem eleições presidenciais e legislativas marcadas para 22 de Novembro.
O Presidente do país, Roch Marc Christian Kaboré, candidato a um segundo mandato, lançou a sua campanha na semana passada, prometendo trazer de volta a paz.
Os seus opositores acusam-no de não ter conseguido lidar com as crescentes ameaças terroristas durante o seu primeiro mandato.
Devido à violência extremista que afeta grande parte do território, quase 1.500 aldeias (em cerca de 8.000) em 22 municípios (em cerca de 300) não participarão nas eleições.
Em Setembro, os deputados aprovaram uma lei que permite validar o resultado das eleições mesmo que não ocorram em todo o território.
O Conselho Constitucional constatou a existência de uma "força maior" para a "não cobertura de 17,70% do território nacional" no escrutínio, devido à "presença de grupos terroristas nas localidades, a ausência de administração nas áreas afetadas, o abandono pelas populações de seus sítios residenciais para outras localidades".
Os ataques terroristas, muitas vezes entrelaçados com conflitos entre comunidades, deixaram mais de 1.200 mortos e um milhão de deslocados desde 2015.
As forças de segurança de Burkinabè não conseguem conter a espiral de violência extremista, apesar da ajuda de tropas estrangeiras, especialmente da França, presentes no Sahel com 5.100 homens como parte da operação antiterrorista Barkhane.
A violência terrorista misturada com conflitos entre comunidades que afetam esta parte do Sahel matou um total de 4.000 pessoas no Mali, Níger e Burkina Faso em 2019, de acordo com as Nações Unidas.