Maputo - A Renamo, principal partido da oposição moçambicana, e o MDM, terceiro maior partido, asseguraram hoje que vão lutar "juntos para poder salvar a democracia", insistindo que as eleições autárquicas do dia 11 foram o "cúmulo" da fraude eleitoral.
"Nós convidamos o presidente Lutero Simango, líder do Movimento Democrático de Moçambique para que possamos estar juntos nesta luta de salvação da democracia em Moçambique", afirmou o líder da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade.
Momade falava numa conferência de imprensa, ao lado do dirigente máximo do Movimento Democrático de Moçambique (MDM), após os dois políticos reunirem-se em Maputo.
A Renamo e o MDM devem "avançar juntos" para impedir que a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), partido no poder, "aniquile a democracia que custou muitas vidas dos moçambicanos", prosseguiu.
Ossufo Momade acusou a Frelimo de ter utilizado a Polícia da República de Moçambique (PRM) como "braço armado" do partido no poder, ao ordenar os agentes da corporação para alegadamente encherem e transportarem urnas, expulsar os delegados dos partidos políticos das mesas de voto e usar abusivamente o gás lacrimogéneo para dispersar manifestantes pacíficos.
A Renamo, continuou, também tem informações de que foram subornados professores e directores dos órgãos eleitorais para viciarem os resultados das eleições.
Ossufo Momade reiterou o compromisso do principal partido da oposição de não voltar a pegar em armas como instrumento de luta política, frisando que a Renamo vai contestar os resultados eleitorais através de manifestações nas cidades.
O presidente do MDM disse que assumiu com o líder da Renamo o compromisso de uma defesa colectiva da democracia, sustentando que os resultados das eleições autárquicas "foram manipulados".
"Estamos totalmente comprometidos com a democracia em Moçambique e a democracia se faz respeitando a vontade do povo, por isso, as urnas e o anúncio dos resultados devem reflectir a vontade dos moçambicanos", enfatizou.
Segundo resultados distritais e provinciais intermédios divulgados pelos órgãos eleitorais nos últimos dias sobre 50 autarquias, a Frelimo venceu em 49 e o MDM na Beira.
Pelo menos cinco tribunais distritais já reconheceram irregularidades nas eleições e ordenaram a repetição de vários actos eleitorais, em alguns casos com os órgãos eleitorais e o partido no poder a submeterem recursos junto do Conselho Constitucional (CC) em contestação às sentenças, acórdãos e despachos dos tribunais distritais.
O CC, a quem cabe exclusivamente a validação de eleições em Moçambique, começou na terça-feira a decidir sobre o processo, tendo já anulado a decisão de invalidar o escrutínio em Chokwé, que tinha sido tomada por um tribunal distrital.AM/DSC