Mebabane - Uma delegação de ministros de países da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC) está a realizar uma visita ao Essuatíni, devido à grave onda de protestos que o país vive.
De acordo com a Efe, esta manhã, o primeiro-ministro suazi, Themba Masuku, recebeu representantes da SADC, liderados pelo ministro dos Negócios Estrangeiros do Botswana, Lemohang Kwape.
"A SACD está pronta para apoiar o povo do reino de Essuatíni na sua missão de trazer paz e calma", disse Kwape, durante a recepção oficial, de acordo com um comunicado divulgado pelo governo suazi nas redes sociais.
Por seu turno, Masuku reiterou que o objectivo do país é garantir "paz e estabilidade" e disse que o governo formou uma equipa, liderada pelo ministro das Relações Exteriores suazi, para trabalhar com a SADC.
A decisão de enviar esta missão ministerial foi anunciada na sexta-feira pelo presidente do Botsuana, Mokgweetsi Masisi, que é o actual líder da chamada 'troika' da SADC para a Política, Defesa e Segurança (um dos dois órgãos rotativos que definem as decisões desta aliança de 16 países da África Austral).
"A SADC apela a indivíduos, grupos e organizações que desistam de actos de violência, ao mesmo tempo que exorta os serviços de segurança a exercer contenção na sua resposta para restaurar a ordem e normalidade", disse a aliança das nações do sul de África na sua mensagem na sexta-feira.
Uma onda de protestos pró-democracia tem abalado o Essuatíni, nas últimas semanas, para exigir reformas políticas e gritar contra a brutalidade com que qualquer tentativa de dissidência na última monarquia absoluta na África é reprimida.
Pelo menos 20 pessoas foram mortas pelas forças de segurança em Essuatíni e 150 foram hospitalizadas com ferimentos de bala, durante os intensos protestos pró-democracia neste país, a última monarquia absoluta de África, segundo a Amnistia Internacional (AI)
Pelo menos outros cinco manifestantes morreram por ferimentos de balas e 50 ficaram feridos, segundo denunciaram fontes da oposição, na sexta-feira.
As mobilizações tornaram-se especialmente violentas desde a última segunda-feira, com saques, incêndios de camiões, campos e prédios e graves confrontos entre manifestantes e forças de segurança.
Em resposta, o governo ordenou um toque de recolher, cortou a internet e colocou o exército nas ruas.
O Essuatíni, onde residem mais de mil cidadãos portugueses, está sob o comando absoluto de Mswati III desde 1986 e tem pouco mais de um milhão de habitantes, a maioria deles jovens.
Em Abril de 2018, o próprio monarca decidiu mudar o nome oficial do país, substituindo o nome oficial em inglês da Suazilândia por Eswatini (Essuatíni), que na língua local significa "o lugar do suazi" (grupo étnico maioritário).
Além da falta de direitos e liberdades no nível político, o país enfrenta altos níveis de pobreza e uma alta prevalência de problemas de saúde como tuberculose e VIH.