Maputo - O Presidente de Moçambique, Filipe Nyusi, voltou, terça-feira, a apelar aos moçambicanos que se juntaram aos grupos rebeldes em Cabo Delgado para reconsiderarem a sua posição, avisando que "os terroristas não vão ter bons dias para sempre".
O chefe de Estado, que falava durante uma conferência de imprensa de balanço da visita que realizou a Roma, para participar na Cimeira Itália-África, disse: "quero aproveitar esse momento para apelar aos que estão do lado do terrorismo para reconsiderarem a sua atitude (...) Aconselhamos a regressarem porque bons dias não serão para sempre do lado deles e nós não vamos ficar com as mãos cruzadas".
As incursões de grupos rebeldes na província de Cabo Delgado, no norte de Moçambique, estiveram entre os temas que Filipe Nyusi debateu com quadros de diversos países à margem da cimeira.
"Não há nenhum momento em que nós negligenciemos a possibilidade de partilhar o ponto de situação (do combate contra o terrorismo). Porque o terrorismo é um problema global. Não se combate o terrorismo sozinho e esta guerra não tem fronteiras", declarou o Presidente moçambicano.
Filipe Nyusi disse ainda que as forças moçambicanas vão continuar a trabalhar para garantir a paz naquela província, avançando que as autoridades estão a adequar a luta ao novo modelo que os rebeldes agora apresentam.
"Vamos continuar com coisas concretas e na base da forma como o terrorista actua agora", frisou o Presidente moçambicano.
A província de Cabo Delgado enfrenta há seis anos uma insurgência armada com alguns ataques reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico, que levou a uma resposta militar desde Julho de 2021, com apoio do Ruanda e da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertando distritos junto aos projectos de gás.
Após um período de relativa estabilidade, nas últimas semanas, novos ataques e movimentações foram registados em Cabo Delgado, embora localmente as autoridades suspeitem que a movimentação esteja ligada à perseguição imposta pelas Forças de Defesa e Segurança nos distritos de Macomia, Quissanga e Muidumbe, entre os mais afectados.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto-Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLED. JM