Presidente rwandês acusa comunidade internacional de abandono

     África           
  • Luanda     Domingo, 07 Abril De 2024    17h35  
Bandeira do Rwanda
Bandeira do Rwanda
Divulgação

Kigali - A comunidade internacional "abandonou-nos a todos" durante o massacre dos Tutsi, afirmou hoje o Presidente rwandês Paul Kagame, no arranque das cerimónias evocativas dos 30 anos do genocídio do Rwanda.

As cerimónias oficiais tiveram início hoje, dia em que se assinalam as primeiras mortes naquele que se tornaria no último genocídio do século XX, no qual morreram cerca de 800 mil pessoas, sobretudo da minoria étnica Tutsi, mas também Hutu moderados.

Hoje, Kagame recordou criticamente a inacção da comunidade internacional na altura.

"Foi a comunidade internacional que nos abandonou a todos, seja por desprezo ou por cobardia", disse Paul Kagame, no discurso proferido perante milhares de pessoas na BK Arena, uma sala multiusos ultramoderna na capital Kigali.

"Ninguém, ninguém, nem sequer a União Africana (UA) pode desculpar-se da sua inacção perante a crónica de um genocídio anunciado. Tenhamos a coragem de o reconhecer e de o assumir", disse, por seu lado, o presidente da Comissão da UA, Moussa Faki Mahamat.

Numa declaração oficial também publicada hoje na página da Casa Branca, o Presidente norte-americano, Joe Biden, descreveu os acontecimentos de há 30 anos como "uma campanha de matança brutal e sistemática" e um "metódico extermínio em massa, que virou vizinhos contra vizinhos e cujas repercussões, décadas depois, ainda são sentidas no Rwanda e em todo o mundo".

"Nunca esqueceremos os horrores daqueles 100 dias, a dor e a perda sofridas pelo povo do Rwanda, ou a humanidade partilhada que nos liga a todos e que o ódio nunca pode vencer", afirmou o Presidente dos EUA.

Biden afirmou que os Estados Unidos se colocam ao lado "do povo do Rwanda na sua dor", no dia em que se dá início ao Kwibuka, o período anual de recordação do genocídio, homenageando as vítimas que "morreram sem qualquer sentido e os sobreviventes que corajosamente reconstruíram as suas vidas".

Nas cerimónias no Rwanda vão marcar presença o ex-Presidente dos Estados Unidos, Bill Clinton, à frente da Casa Branca na altura do genocídio; o ministro francês dos Negócios Estrangeiros, Stéphane Séjourné; e a secretária de Estado do Mar do executivo francês, Hervé Berville, nascida naquele país africano.

O Presidente francês, Emmanuel Macron, que já reconheceu, em 2021, as "responsabilidades" de França no genocídio de 1994, deu mais um passo para assinalar o 30º aniversário do genocídio no Rwanda.

Afirmou que o seu país, "que poderia ter travado o genocídio com os seus aliados ocidentais e africanos, não teve vontade", de acordo com comentários divulgados pelo Eliseu na quinta-feira.

Macron deverá falar hoje através de um vídeo publicado nas redes sociais, adiantou a Presidência francesa.

Para assinalar a data, a União Europeia (UE) reafirmou hoje o seu "compromisso inquebrantável com a prevenção do genocídio e de qualquer crime contra a humanidade em todo o mundo", assim como o "compromisso de garantir a total prestação de contas", expressou o alto representante do bloco comunitário para os Assuntos Exteriores, Josep Borrell, em comunicado assinado em nome de todos os Estados-membros.

O massacre da Primavera de 1994 foi desencadeado no dia seguinte ao atentado contra o avião do Presidente Hutu Juvénal Habyarimana, no meio de um ambiente de ódio crescente alimentado por uma virulenta campanha anti-Tutsi.

Durante três meses, o Exército, a milícia Interahamwe (braço armado do regime genocida Hutu), mas também cidadãos comuns, com espingardas e machetes, massacraram os Tutsi, chamando-os de 'Inyenzi' (baratas, na língua kinyarwanda).

O massacre terminou quando a rebelião Tutsi da FPR tomou Kigali, a 04 de Julho de 1994, levando à fuga de centenas de milhares de Hutus em direcção ao vizinho Zaíre, hoje República Democrática do Congo (RDC).

Trinta anos depois, continuam a ser encontradas valas comuns no país. MOY/CS

 





Fotos em destaque

SODIAM arrecada USD 17 milhões em leilão de diamantes

SODIAM arrecada USD 17 milhões em leilão de diamantes

Sábado, 20 Abril De 2024   12h56

Fazenda colhe mil toneladas de semente de milho melhorada na Huíla

Fazenda colhe mil toneladas de semente de milho melhorada na Huíla

Sábado, 20 Abril De 2024   12h48

Huambo com 591 áreas livres da contaminação de minas

Huambo com 591 áreas livres da contaminação de minas

Sábado, 20 Abril De 2024   12h44

Cunene com 44 monumentos e sítios históricos por classificar

Cunene com 44 monumentos e sítios históricos por classificar

Sábado, 20 Abril De 2024   12h41

Comuna do Terreiro (Cuanza-Norte) conta com orçamento próprio

Comuna do Terreiro (Cuanza-Norte) conta com orçamento próprio

Sábado, 20 Abril De 2024   12h23

Exploração ilegal de madeira Mussivi considerada “muito crítica”

Exploração ilegal de madeira Mussivi considerada “muito crítica”

Sábado, 20 Abril De 2024   12h19

Hospital de Cabinda realiza mais de três mil cirurgias de média e alta complexidade

Hospital de Cabinda realiza mais de três mil cirurgias de média e alta complexidade

Sábado, 20 Abril De 2024   12h16

Camacupa celebra 55 anos focado no desenvolvimento socioeconómico

Camacupa celebra 55 anos focado no desenvolvimento socioeconómico

Sábado, 20 Abril De 2024   12h10

Projecto "MOSAP 3" forma extensionistas para escolas de campo em todo país

Projecto "MOSAP 3" forma extensionistas para escolas de campo em todo país

Sábado, 20 Abril De 2024   12h05

Comunidade do Lifune (Bengo) beneficia de biofiltros

Comunidade do Lifune (Bengo) beneficia de biofiltros

Sábado, 20 Abril De 2024   11h58


Notícias de Interesse

+