Genebra - As primeiras 331.200 doses de vacinas RTS,S contra a malária, recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS), chegaram terça-feira à noite a Yaoundé, nos Camarões, anunciou hoje o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
"Este é mais um momento de viragem para as vacinas e o controlo da malária", pois a sua entrega "a novos países em toda a África oferecerá protecção vital a milhões de crianças em risco de contrair" a doença, disse o Director-Geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado no comunicado de imprensa da UNICEF.
"Prevê-se que mais 1,7 milhões de doses da vacina RTS,S cheguem ao Burkina Faso, Libéria, Níger e Serra Leoa nas próximas semanas, com mais países africanos a receberem doses nos próximos meses", referiu a UNICEF.
É o primeiro envio das vacinas a um país que não estava envolvido, anteriormente, no programa de implementação da vacina contra a malária (MVIP), o que marca o início da expansão da vacinação contra a doença nas áreas de maior risco no continente africano, segundo o comunicado da UNICEF.
O MVIP é coordenado pela OMS em colaboração com a UNICEF e outros parceiros, e financiado pela Gavi (Aliança das Vacinas), pelo Fundo Global e pela Unitaid (uma iniciativa global de saúde), com doses doadas pela GSK, o fabricante da vacina RTS,S.
Mais de dois milhões de crianças foram vacinadas no Ghana, Quénia e Maláwi através do MVIP, desde 2019, o que resultou numa diminuição de 13% na mortalidade, por todas as causas, em crianças com idade elegível para receber a vacina, e em reduções substanciais na doença grave e nas hospitalizações por malária.
Em 2021, registaram-se 247 milhões de casos de malária em todo o mundo, que resultaram em 619.000 mortes. Destas, 77% eram crianças com menos de cinco anos de idade, principalmente em África, de acordo com a UNICEF.
A prevalência da malária é mais elevada no continente africano, que representou aproximadamente 95% dos casos de malária a nível mundial e 96% das mortes relacionadas em 2021.
A administração da vacina contra a malária tem o desafio adicional de serem necessárias quatro doses, o que requer um planeamento cuidadoso para a sua eficácia estar garantida, de acordo com a agência da ONU.
A OMS recomendou uma segunda vacina contra a malária - a R21 -, fabricada pelo Serum Institute of India (SII), que, segundo o ensaio clínico, reduz a malária nas crianças, mas ainda está em fase de "pré-qualificação".
"A vacina é uma adição vital ao conjunto existente de ferramentas de prevenção da malária e ajudará os nossos esforços para inverter a tendência crescente de casos e reduzir ainda mais as mortes", disse a diretora regional da OMS para África, Matshidiso Moeti.
Em preparação para a vacinação em grande escala, a Gavi, a OMS, a UNICEF e os parceiros estão a trabalhar com os países que manifestaram interesse e/ou confirmaram planos de implementação sobre os próximos passos.DSC