Jerusalém - As relações entre o Hamas e o Sudão mostraram sinais de tensão esta sexta-feira, depois que Cartum anunciou ter confiscado pelo menos uma dúzia de empresas ligadas ao grupo islâmico, que é considerado uma organização terrorista por vários atores regionais e internacionais, noticiou hoje a agência internacional de notícias Sputnik.
Segundo o analista político baseado em Gaza Adnan Abu Samer, o Hamas não pode negar que as suas "relações com o Sudão se deterioraram após a decisão deste de normalizar os laços com Israel".
Cartum reconheceu formalmente Israel em Outubro do ano passado, após intensas conversações mediadas pelos EUA.
A decisão do Sudão foi motivada pela vontade de o país ser retirado da lista de patrocinadores estatais de terrorismo, bem como a sua necessidade de biliões de dólares que pudessem salvar a sua economia.
Após a normalização dos laços entre Israel e o Sudão, Abu Samer diz que o Hamas "não tem lugar no Sudão (...) As relações entre Cartum e o Hamas não podem ficar piores. O grupo islâmico via o Sudão como um parceiro. Essa parceria está agora terminada".
Hamas não desistirá
Por vários anos, o Sudão tem, supostamente, permitido a transferência de centenas de mísseis iranianos e outras munições para a Faixa de Gaza.
Porém, o especialista acredita que o grupo não vai ficar parado observando a sua antiga "base" sendo "arruinada".
O Hamas, que actualmente enfrenta uma grave crise económica desencadeada pelo surto da pandemia do coronavírus, não pode sofrer mais perdas, e é por isso que Abu Samer está convencido de que o grupo já está a trabalhar num Plano B.
Apesar de al-Bashir já não deter o poder, o Sudão ainda tem vários partidos islamistas que apoiam o Hamas e que se opõem às relações do seu país com Israel.
Sabendo disso, é provável que o grupo islâmico estreite os laços que tem com esses grupos, o que significa que o contrabando de capitais e armas através do Sudão está longe de ter terminado.