Luanda – A constestação dos resultados das eleições autárquicas no Parlamento pela oposição em Moçambique, bem como a tensão vivida na Guiné-Bissau após o decreto da prisão de membros do governo, constituíram, dentre outros, os assuntos destacados no noticiário africano durante a semana que hoje finda.
Os deputados da Renamo, maior partido da oposição moçambicana, voltaram ao Parlamento, após várias semanas de ausência em contestação aos resultados eleitorais, mas surpreenderam a reunião plenária apresentando-se de preto e com inscrições de protesto.
A sessão parlamentar serviu para o Governo moçambicano responder a perguntas formuladas pelos três partidos representados na Assembleia da República (Parlamento), incluindo a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder) e o Movimento Democrático de Moçambique (MDM, oposição).
As ruas de algumas cidades moçambicanas, incluindo Maputo, têm sido tomadas por consecutivas manifestações da oposição contra o que consideram ter sido uma "mega fraude" no processo das eleições autárquicas e os resultados anunciados pela CNE, fortemente criticados também pela sociedade civil e organizações não-governamentais
E na Guiné Bissau, tiros de armas de guerra foram ouvidos em Bissau, capital da Guiné-Bissau, na sequência de tensões vividas durante a noite de quinta-feira última, depois de o Ministério Público ter decretado a prisão preventiva do ministro da Economia e Finanças, Sulemaine Seide, e do secretário de Estado do Tesouro, António Monteiro.
Os dois membros do Governo foram levados para a sede da Polícia Judiciária, de onde terão sido retirados das celas por elementos da Guarda Nacional.
O ministro Suleimane Seidi e o secretário de Estado António Monteiro foram detidos no âmbito de um processo relacionado com pagamentos a empresários, disse à Lusa fonte judicial.
Um outroo assunto que mereceu destaque foi o anúncio da Cimeira da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), a ser realizada a 10 de Dezembro deste ano, na capital nigeriana, Abuja, sobre a crise na região provocada por uma série de golpes de Estado militares.
Segundo um comunicado de imprensa da Presidência da Côte d'Ivoire, a decisão foi tomada na sequência de um encontro realizado na véspera, na capital económica ivoiriense, Abidjan, entre o chefe de Estado da Côte d'Ivoire, Alassane Ouattara, e o presidente da Comissão da organização regional, Omar Alieu Touray.
A última cimeira da CEDEAO sobre a matéria realizou-se no início de Agosto passado e foi inteiramente consagrada à situação no Níger, na sequência do golpe militar de 26 de Julho que derrubou o Presidente eleito Mohamed Bazoum, entretanto detido na sua residência, em Niamey.
Nos últimos sete dias, a União Europeia (UE) anunciou que vai enviar um reforço de 3,5 milhões de euros em ajuda humanitária para as populações afectadas por inundações devastadoras na Somália, na Etiópia e no Quénia.
A maior parcela, de dois milhões de euros, destina-se à Somália, com o objectivo de ajudar as pessoas afectadas por inundações, particularmente ao longo da bacia hidrográfica do rio Djouba, e soma-se aos 5,5 milhões de euros já atribuídos ao país.
A UE vai ainda enviar helicópteros para Mogadíscio, num esforço para fazer chegar a ajuda às zonas mais afectadas pelas cheias, por um período de dois meses.
No Sudão, a organização não-governamental (ONG) Save the Children afirmou que este país africano enfrenta "a maior crise mundial de crianças deslocadas", com cerca de 7.600 crianças a fugirem, todos os dias, das suas casas devido à guerra.
"Cerca de 7.600 crianças fogem todos os dias das suas casas no Sudão, que vai no sétimo mês de conflito, causando horror e destruição na maior parte do país, com um oitavo das crianças actualmente deslocadas", disse a Save the Children.
A ONG explicou, através de um comunicado, que dezenas destes deslocados procuraram ajuda urgente junto do pessoal médico e de protecção da Save the Children por terem sido expostas a "violência sexual horrível, ferimentos que mudaram a sua vida ou perturbações psicológicas agudas".
O Sudão é palco da "maior crise de sempre de crianças deslocadas, com três milhões de crianças, de uma população de quase 23 milhões, a fugir da violência desde meados de abril de 2023 para procurar refúgio em campos, escolas, centros de deslocação ou em casas de familiares", refere a organização.
E no Níger, a junta militar no poder, desde Julho, anulou uma lei que criminalizava o tráfico de migrantes e as sentenças proferidas ao abrigo da legislação agora revogada, decisão já lamentada pela comissária europeia para os Assuntos Internos.
O anúncio foi feito na rádio estatal pelo ministro da Justiça de transição, Alio Daouda, que aludiu a uma ordem nesse sentido assinada pelo Presidente de transição, general Abdourahamane Tiani, em 25 de Novembro.
Daouda deu instruções aos procuradores e presidentes dos tribunais para anularem "todas as condenações pronunciadas", que criminalizam o tráfico de migrantes no país africano.CS