Cartum - A organização Save the Children anunciou hoje a suspensão temporária da maioria das suas operações no Sudão, devido aos confrontos entre o exército e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido (RSF) e ao roubo de equipamento da organização.
Saqueadores roubaram material médico para crianças, bem como computadores portáteis, carros e um frigorífico, num assalto aos escritórios da Save the Children na região do Darfur.
Nesta região, há "dificuldades" para prestar serviços médicos nos centros de saúde, explicou, em comunicado, a organização não-governamental (ONG) de defesa dos direitos da criança no mundo.
O Programa Alimentar Mundial (PAM) já tinha anunciado no domingo a suspensão das suas operações após a morte de três funcionários.
O director nacional da Save The Children Sudão, Arshad Malik, reiterou o apelo a todas as partes para que protejam a assistência humanitária num país onde um terço da população, de 15,8 milhões de pessoas, necessita de ajuda.
Também considerou "absolutamente crucial para a sobrevivência das crianças e das famílias" que haja uma trégua, "para que possa ser prestada ajuda que salva vidas".
O Comité dos Médicos Sudaneses afirmou, na sua última avaliação, que os combates entre o exército e as forças paramilitares provocaram desde sábado a morte de pelo menos 97 civis e 942 feridos, a maioria dos quais na capital sudanesa.
A organização dos médicos do Sudão anunciou também que vários hospitais na capital, Cartum, e noutras localidades do país tiveram de suspender as suas actividades, após serem alvo de ataques das forças em confronto.
Os intensos confrontos que começaram na manhã de sábado ocorrem dias depois do Exército ter advertido que o país atravessa uma "conjuntura perigosa" que poderia levar a um conflito armado, na sequência do destacamento de unidades das RSF na capital sudanesa e noutras cidades, sem o consentimento ou a coordenação das Forças Armadas.