Cartum - Sete civis morreram hoje em bombardeamentos da Força Aérea sudanesa à aldeia de al-Qutaynah, no estado do Nilo Branco.
Segundo relatou um grupo pró-democracia do Sudão, desde Abril dividido por uma guerra civil liderada por generais adversários.
"Sete civis da aldeia de al-Qutaynah foram mortos nos bombardeamentos da Força Aérea", indicou o "Comité de Resistência", uma organização local que gere a entreajuda dos habitantes desta aldeia, situada 75 quilómetros a sul de Cartum.
Desencadeada a 15 de Abril, a guerra entre o Exército, liderado pelo general Abdel Fattah al-Burhane, e os temidos paramilitares das Forças de Apoio Rápido (FAR), do general Mohamed Hamdane Daglo, já fez mais de 13.000 mortos, segundo uma estimativa muito conservadora da organização não-governamental (ONG) Armed Conflict Location & Event Data Project (Acled).
Hoje, o porta-voz do Exército sudanês acusou as FAR de terem "incendiado a igreja evangélica de Wad Madani", no estado de Al-Jazira, no centro-leste do país, sem fazer vítimas.
A guerra, que dura há nove meses, obrigou meio milhão de pessoas a fugirem mais para sul, neste estado agrícola do país que, até há pouco tempo, tinha sido poupado à violência.
Mas recentemente, os paramilitares, que controlam a maior parte da capital, ganharam terreno ao longo da auto-estrada que liga Cartum a Wad Madani e, a 15 de Dezembro, atacaram essa cidade, obrigando mais de 300.000 pessoas a fugir novamente, tanto no interior do estado de Gezira como para os estados vizinhos, Sennar e Gedaref.
No total, há mais de sete milhões de pessoas deslocadas pelo conflito no Sudão, segundo a ONU.
Os esforços diplomáticos para negociações de paz, nomeadamente dos Estados Unidos, da Arábia Saudita e do bloco regional da África Oriental (Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento - IGAD), fracassaram até à data.
Os generais Burhane e Daglo tinham anteriormente unido forças para levar a cabo um golpe de Estado e expulsar os civis do poder em Outubro de 2021, pondo fim a dois anos de transição democrática.
Incapazes de ganhar vantagem desde o início da guerra, as duas partes estão a marcar passo, mas nenhuma delas tenciona fazer concessões à mesa das negociações.
No terreno, as FAR parecem contudo estar a conquistar novos territórios, enfrentando uma fraca resistência do Exército, e controlam agora as ruas de Cartum e a quase totalidade da vasta região ocidental do Darfur e avançaram no estado de Al-Jazira, no centro-leste do país.GAR
