Cartum - O primeiro-ministro sudanês, Abdallah Hamdok, afirmou hoje que o Sudão está a trabalhar com os Estados Unidos da América para restaurar a imunidade nos tribunais do país no caso que levou à colocação do Sudão na lista negra do terrorismo.
"Há uma separação entre as duas questões. A saída do Sudão da lista dos patrocinadores do terrorismo teve lugar esta noite (...) agora estamos a trabalhar na questão da imunidade e não está estreitamente ligada com a administração", afirmou o primeiro-ministro numa conferência de imprensa citada pela agência noticiosa Efe.
O chefe do Governo sudanês acrescentou que há um diálogo com os EUA e insistiu que "uma legislação deve ser aprovada para dar ao Sudão imunidade total" no caso que levou à sua integração nesta lista negra.
Em 23 de Outubro, o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou que tinha assinado uma ordem para retirar o Sudão da lista de países patrocinadores do terrorismo, na qual estava desde 1993 devido ao apoio do anterior regime de Omar al-Bashir a pessoas como o fundador da Al-Qaida, Osama bin Laden, que residiu em território sudanês por cinco anos.
No entanto, a Administração dos Estados Unidos foi obrigada a notificar o Congresso sobre essa ordem executiva antes de entrar em vigor.
Trump disse que retiraria o Sudão da lista de países patrocinadores do terrorismo depois de as autoridades de Cartum concordaram em pagar 335 milhões de dólares (276 milhões ao câmbio actual) de indemnização às famílias das vítimas do terrorismo, quantia que o Governo sudanês já depositou numa conta de garantia conjunta.
Durante o dia de hoje, Hamdok tinha já afirmado que o Sudão se "emancipou do bloqueio internacional e global".
"Após mais de duas décadas, anuncio ao nosso povo a remoção do nome do Sudão da lista de países que patrocinam o terrorismo e a nossa emancipação do bloqueio internacional e global", escreveu Hamdok na sua conta na plataforma social Twitter.
Os tribunais norte-americanos responsabilizaram o Sudão por cumplicidade dos ataques da Al-Qaida às embaixadas dos Estados Unidos em 1998 no Quénia e na Tanzânia, e pelo bombardeamento do navio USS Cole em 2000 no do Golfo de Áden.
O novo executivo de transição sudanês, acordado entre os militares que derrubaram Al-Bashir em 2019 e a oposição civil, tem feito esforços nos últimos meses para sair da lista negra e tem tentado obter o apoio de vários países e organizações internacionais com este fim.
O Governo sudanês precisa de sair da lista com urgência para ter acesso à ajuda de agências multilaterais de crédito em meio a uma profunda crise económica que ameaça todo o processo de transição.
Com a retirada do Sudão da lista de nações que apoiam o terrorismo, apenas permanecem nela Irão, Síria e Coreia do Norte.