Cartum – O Ministério do Desenvolvimento Social do Sudão divulgou hoje que registou 88 casos de violência sexual relacionados com o conflito entre o exército regular e o grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR).
De acordo com dados da Unidade de Combate à Violência contra a Mulher e a Criança, dependente do Ministério do Desenvolvimento Social do Sudão, na capital, Cartum, foi onde se registaram mais casos, 42.
Esta unidade, que decompôs as diferentes zonas em que foram registados casos de violência sexual contra a mulher, somou Niyala com 25 casos e Al Geneina com 21.
Em 09 de Junho o gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos já tinha confirmado agressões sexuais contra pelo menos 37 mulheres desde o início do conflito no Sudão.
"Todos os sobreviventes em Niyala e Al Geneina declararam que todas as violações foram cometidas pelas Forças de Apoio Rápido", lê-se no comunicado.
A unidade lamentou o aumento dos desaparecimentos forçados de mulheres e jovens, bem como "o crescimento dos casos de violência sexual relacionados ao conflito", apontando que o número "não condiz com as denúncias registadas" perante a entidade.
Nesse sentido, este órgão afirmou que a denúncia de casos de violência sexual "ajuda a aliviar os efeitos do choque psicológico e contribui para enfrentar as consequências da violação para a saúde".
A Unidade de Combate à Violência contra a Mulher e a Criança do Sudão pede, assim, às FAR que cessem as violações e se comprometam a preservar "o direito dos cidadãos à vida e à dignidade humana".
Acrescenta o apelo de "não expor a riscos ou violações durante este conflito".
Na declaração, esta unidade também incentiva as agências da ONU, bem como as instituições internacionais, a "denunciar os crimes de guerra perpetrados pelas FAR" e a "garantir a responsabilidade de todos os envolvidos".
Os combates entre o exército e as FAR recomeçaram hoje, embora a intensidade tenha moderado em relação a sábado.
Até agora, os dois lados do conflito não mostraram intenção de avançar com um cessar-fogo.
A ONU alertou em inúmeras ocasiões para a "catástrofe" humanitária que o Sudão vive devido ao conflito, que já causou mais de 1.173 civis mortos e 11.704 feridos. CS