Bruxelas - A União Europeia apelou hoje à Eritreia para cumprir a sua promessa e retirar "imediatamente" as suas tropas na região etíope de Tigray, onde têm apoiado o Exército federal contra as autoridades regionais, em conflito com Addis Abeba.
O primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, Prémio Nobel da Paz em 2019, lançou uma intervenção militar a 04 de Novembro para derrubar a Frente de Libertação do Povo Tigray (TPLF), o partido eleito e no poder no estado, e declarou a vitória em 28 de Novembro, ainda que os combates continuem.
O Exército federal etíope foi apoiado por forças da Eritreia. Depois de vários dias, Abiy Ahmed declarou vitória a 28 de Novembro, com a captura da capital regional, Mekele, frente à TPLF que, até à chegada de Abiy Ahmed, controlou a Etiópia durante quase 30 anos.
No entanto, os combates continuaram e as forças eritreias são acusadas de conduzirem vários massacres e crimes sexuais.
Depois de, à semelhança de Addis Abeba, o ter negado durante muito tempo, Asmara reconheceu na sexta-feira, pela primeira vez, a presença de tropas eritreias em Tigray.
"O progresso em Tigray continua muito limitado: os combates continuam, o acesso à ajuda humanitária continua impedido, as tropas eritreias não se retiram e as violações dos direitos humanos continuam", afirmou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, após uma reunião com ministros dos Negócios Estrangeiros da UE.
"A tão anunciada retirada das tropas eritreias deve tornar-se uma realidade imediatamente", disse Borrell, citado pela agência France Presse (AFP), acrescentando que "os abusos, crimes de guerra e violência contra mulheres devem ser levados à justiça".
A Eritreia, que tem uma longa fronteira com o norte de Tigray, é considerada como um inimigo jurado da TPLF desde uma sangrenta guerra contra a Etiópia, entre 1998 e 2000.
Os dois países aproximaram-se com a chegada de Abiy Ahmed ao poder, em 2018, um esforço que valeu ao chefe de Governo etíope o Prémio Nobel da Paz no ano seguinte.
O conflito iniciado em Novembro já deslocou quase um milhão de pessoas. As autoridades locais estimam que cerca de 950.000 pessoas fugiram dos combates e perseguições, principalmente do Tigray ocidental, mas também das regiões noroeste e central da região.