Joanesburgo - O ex-presidente sul-africano Jacob Zuma pretendia a escusa do responsável do inquérito sobre corrupção por "imparcialidade", mas, em vez disso, ouviu-o hoje durante uma hora a defender a sua integridade.
O responsável do inquérito, Raymond Zondo, disse que Jacob Zuma não tinha "razoavelmente" provado qualquer "parcialidade" em relação a si e que o testemunho do antigo presidente poderia, portanto, continuar.
Após um intervalo, o ex-chefe de Estado saiu.
O advogado de Zuma tinha acusado Raymond Zondo de ser "juiz e testemunha" neste caso. Muzi Sikhakhane tinha pedido que a audiência fosse encerrada, declarando a sua intenção de remeter o assunto para as autoridades judiciais competentes.
O advogado da comissão, Paul Pretorius, tinha declarado que não cabia ao antigo presidente, 78 anos, que tinha sido convocado para esta audiência para testemunhar, decidir a saída da mesma.
No entanto, foi isso que ele fez. "Ele saiu sem me pedir desculpa, é grave", disse Zondo.
O juiz tinha pormenorizado o estabelecimento, em 2018, da comissão, que já ouviu dezenas de ministros ou ex-ministros, funcionários eleitos, homens de negócios ou altos funcionários que "lavaram a roupa suja" sobre a era Zuma (2009-2018).
Raymond Zondo foi nomeado para chefiar a comissão enquanto Zuma ainda era presidente, disse.
Se as "relações históricas, pessoais, familiares e profissionais que Jacob Zuma está a alegar como preconceituosas colocavam um problema de conflito de interesses, ele poderia tê-lo levantado então, e não três anos mais tarde", disse o juiz.
E reconheceu que tem tido "relações cordiais" com o antigo presidente desde o início dos anos 1990. "Mas de forma alguma somos amigos", esclareceu.
Em Agosto de 2018, Zuma, que foi forçado a demitir-se em Fevereiro por estar envolvido em múltiplos casos, "mostrou a sua insatisfação com a forma como foi interrogado pelo comité", disse o juiz Zondo.
Zuma ofendeu-se ao ser apresentado como "já culpado" de corrupção e acusou Zondo de procurar "enraizar uma narrativa que o apresenta como culpado a todo o custo", de acordo com o presidente da comissão.
"Ele gostaria que eu fosse muito passivo durante as audiências das testemunhas", disse Zondo. "Tento ser equilibrado, tenho sido bem-sucedido a maior parte do tempo, se não a totalidade do tempo", defendeu-se.