Ondjiva – Os deputados da 2ª Comissão de Trabalho da Assembleia Nacional defenderam esta quinta-feira, em Ondjiva, a necessidade das famílias camponesas reforçarem a diversificação de culturas ao longo do canal do Cafu, na província do Cunene, com vista ao aumento da produção agrícola nesta localidade.
O apelo foi feito no quadro de uma visita da delegação parlamentar ao projecto estruturante do sistema de transferência de água do canal do Cafu, inaugurado em Abril de 2022.
Na ocasião, o primeiro secretário da referida Comissão, João Guerra, considerou o empreendimento como um dos projectos que veio resolver grande parte dos problemas da seca na província do Cunene, facto que deve ser bem aproveitado pelas famílias e cooperativas agrícolas.
Referiu ser fundamental que a população multiplique a sua produtividade, optando na produção de outras culturas como batata-doce e rena, milho, couve, repolho, cebola e tomate, ao contrário do habitual massango e massambala.
Acrescentou que a região dispõe de terras férteis e água abundante para a prática da agricultura irrigada, exigindo as famílias a trabalharem para produzir seus próprios alimentos, assim como para comercialização e melhorar a qualidade de vida.
Além da prática agrícola, referiu que o canal dispõe de muitos bebedouros, que permitem maior qualidade do gado bovino, caprino e ovino que abunda na região.
Por outro lado, o deputado defendeu a necessidade do Executivo replicar projectos do género em outras regiões do país, como os Gambos (Huíla), Virei, Iona e Tômbwa (Namibe), visando mitigar grande parte da situação da seca cíclica que afecta as populações locais.
Na mesma senda, o deputado Fernando Diniz realçou que, apesar da actividade agrícola ainda estar em fase inicial, há necessidade de se tirar o máximo proveito do empreendimento e dos objectivos traçados pelo Executivo.
O parlamentar considerou a actividade agrícola como factor determinante e primário para o combate à fome, sendo o canal do Cafu uma amostra patente das acções do Governo para a satisfação das necessidades da comunidade local.
O Projecto hídrico do Cafu é o primeiro de um lote de cinco projectos do Governo angolano, criado no quadro do programa de acções estruturantes de combate à seca naquela região, que vai beneficiar 235 mil pessoas.
Avaliado em 44 mil milhões, 358 milhões e 360 mil 651 kwanzas, vai permitir o abeberamento de 250 mil animais e a irrigação de cinco mil hectares de campos agrícolas.
Neste sistema foram instaladas estruturas metálicas de câmara de aspiração e zona de tomada de água, edifício da subestação eléctrica, com três grupos geradores com capacidade de um megawatt e reservatório unidimensional, além de painéis solares capazes de gerar 1.5 megawatt de energia.
O projecto tem um canal a céu aberto, numa extensão de cerca de 160 quilómetros, derivada a partir da albufeira da secção do Cafu, no rio Cunene, e contempla 30 chimpacas (lago artificial para abeberar gado).
O empreendimento tem 100 metros de comprimento, 50 de largura, cinco a seis de profundidade e a capacidade de armazenamento de água que varia de 25 mil a 30 mil metros cúbicos.
A delegação parlamentar que trabalhou de 10 a 14 do corrente mês no Cunene, onde mantiveram encontro com o governo da província e avaliaram os níveis de produção no projecto agro-industrial do Manquete e da fazenda Mbimbi, sob alçada das Forças Armadas Angolanas (FAA).
O programa dos deputados abrangeu também a avaliação do trabalho realizado ao longo da fronteira com a República da Namíbia, instalações da Caixa de Previdência da Polícia Nacional e o Instituto de Segurança Social das FAA. FI/LHE/QCB