Cacuaco - Os produtos agrícolas continuam a registar preços altos em quase todo país, em particular no município de Cacuaco, em Luanda, devido, essencialmente, ao elevado custo dos fertilizantes no mercado nacional, consideram os agricultores e comerciaintes desta localidade.
A titulo de exemplo, o saco de 25 quilos de adubo passou de 25 mil kwanzas(Kz) para Kz 35 mil, num período de um mês, segundo Mariano Cuxi, um dos agricultores da comuna da Funda, principal centro agrícola de Cacuaco.
“Está cada vez mais difícil exercer a actividade agrícola, por causa dos custos de produção que se elevam quase todo os dias, para além das despesas com o transporte das mercadorias do campo para centros comerciais”, lamentou.
À semelhança desse agricultor, o presidente da cooperativa agro-pecuária e pesca “Yeyetu”, Pinto Chala, referiu que os preços dos fertilizantes registam constantes subidas quase todas as semanas, uma realidade em que o agricultor pede a intervenção das autoridades angolanas e empresários para inverter esta tendência.
Em declarações à ANGOP, a fonte apontou, igualmente, o aumento do preço do adubo, entre outros insumos agrícolas, como outra situação que preocupa os camponeses.
Por exemplo, o preço do saco de 25 quilos de potássio subiu de 30 mil kwanzas para 50 mil, o mesmo valor do magnésio.
Para o director municipal da Agricultura e Pesca, José de Castro, a ausência de fábricas de fertilizante no país, em geral, e particularmente em Cacuaco, tem influenciado na alta de preços dos insumos agrícolas.
Por essa causa, a aquisição de fertilizantes tem feito através da importação, uma realidade que torna a comercialização mais cara, conforme afirmaram os comerciantes do município de Cacuaco.
Para Nilton Gomes, supervisor de venda de uma das empresas importadora e comerciante de fertilizantes, o preço de venda deste produto registou um acréscimo de cerca de 15 por cento, nos últimos seis meses, em Angola.
Segundo o responsável, esse aumento está, essencialmente, relacionado com as dificuldades que os comerciantes enfrentam na aquisição de divisas, para além das alterações geopolíticas que o mundo atravessa.
“O cloreto de potássio, por exemplo, custava 250 dólares por cada tonelada, em Janeiro de 2021. Já em 2022, subiu para 780 dólares/tonelada. Esta variação ascendente de preços no mercado internacional, associada à escassez de divisas no mercado angolano, agrava consideravelmente os preços dos fertilizantes”, esclareceu.
Na mesma senda, o sócio gerente de um outro estabecimento comercial, António Willa, apela ao Governo angolano a criar estratégias que facilitem a comunidade empresarial a investir na criação de fábricas de fertilizantes em Angola.
De acordo com o comerciante, os preços de fertilizantes mais utilizados na agricultura angolana têm aumentado significativamente nos últimos anos, fruto da volatilidade no mercado internacional. Daí, a necessidade premente de criação de indústrias deste sector.
Considerada a cintura verde da cidade de Luanda e dominada, maioritariamente, por vegetação rasteira, mangais e palmeiras, a comuna da Funda oferece condições favoráveis para quem queira investir no cultivo, sobretudo de hortaliças, tubérculos e frutas, segundo as autoridades locais.
Com um manancial de terras aráveis, regadas pelas águas do Rio Zenza, que nasce na província do Uíge e atravessa longas porções das províncias do Bengo e de Luanda, os níveis anuais de produção agrária rondam entre seis mil e 12 mil toneladas/ano, cifra produzida por 25 cooperativas, numa extensão de mil 300 hectares.
Dados oficiais indicam que a localidade tem uma extensão de 56 quilómetros, 18 bairros e uma população estimada em 65 mil 595 habitantes. Essa população, na sua maioria, dedica-se à produção agrícola. DIF/ACS/QCB/NE