Cahama - A implementação de 75 pequenas unidades agropecuárias (denominadas Chitakas), em curso em cinco municípios da província do Cunene, vão garantir a prática de uma agricultura sustentável e resiliente às comunidades rurais.
A afirmação é da representante do Fundo das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Gherda Barreto, no acto de validação do projecto Chitaka, na escola de campo "Shana Tchihupilo", localizada no município da Cahama.
Na ocasião, disse, hoje, quinta-feira, à ANGOP, que o projecto tem como foco ajudar as comunidades rurais a desenvolverem técnicas científicas de produção, de modo a garantir o incremento produtivo e mitigar a carência de alimentos junto à população.
Gherda Barreto fez saber que a Chitaka é um novo modelo desenvolvido pela FAO, caracterizado por uma produção integrada que inclui o cultivo de hortícolas e a criação de animais pequenos como galinha, patos, coelhos e porcos.
Segundo a representante da FAO, o projecto Chitaka tem como foco principal as mulheres, enquadradas nas escolas de campo, realçando que a sua inclusão vai permitir que o processo de desenvolvimento da agricultura seja cada vez mais célere.
“Este é o modelo mais assertivo, para que os agricultores familiares se integrem rapidamente no sistema produtivo e nutricional, constituindo-se num sistema corporativo dos sectores agrícola, da saúde e educação, em benefício do desenvolvimento rural’’, enfatizou.
Já a Embaixadora da União Europeia em Angola, Jeannette Seppen, garantiu o contínuo apoio para a execução de programas que visam a segurança alimentar e nutricional das comunidades carenciadas.
De acordo com a embaixadora, a UE, em colaboração com os parceiros e o Governo angolano, vai continuar a trabalhar na execução de projectos, para transformar os espaços secos em zonas verdes, através da produção irrigada, de modo a permitir que as comunidades tenham acesso a alimentação.
Por seu turno, o director do Gabinete da Agricultura, Pecuária e Pesca no Cunene, Pedro Tibério, enalteceu a implementação do projecto que vem ajudar a mitigar os efeitos da seca e da fome que assolam a província, com particular realce para os municípios da Cahama e do Curoca.
Em representação da governadora do Cunene, Pedro Tibério, referiu, na cerimónia, que a acção vai fazer com que as famílias aprendam várias técnicas de produção e reduzir a situação da fome na região.
Solicitou o contínuo apoio das organizações não governamentais na capacitação contínua dos produtores, assim como na distribuição de meios e inputs agrícolas, de modo a garantir a sustentabilidade do projecto, e promover a resiliência e segurança alimentar das comunidades.
Metodologia das Escolas de Campo/Chitakas
As Escolas de Campo Agrícolas (ECA) enquadram-se na componente FRESAN-FAO, com o objectivo de promover a resiliência alimentar e nutricional, permitindo aos camponeses conhecerem as técnicas que garantam o incremento produtivo.
Implantada numa área de dois hectares, a Chitaka Shana Tchihupilo (Lavra da Salvação), é integrada por 60 mulheres, com idades compreendidas entre os 18 e os 70 anos de idade, e cinco homens.
A mesma inclui um campo de produção de hortícolas, fruteiras e campo de demonstração, área de pasto, com a criação de 50 galinhas, seis coelhos, cinco patos e seis porcos índios, serviços de maturação, cozinha, salas de aulas e de reuniões, com base no sistema tradicional.
Com o valor global de sete milhões de kwanzas, o projecto, financiado pela União Europeia e assistência técnica da FAO, prevê instalar 225 escolas nas províncias do Cunene, Huila e Namibe, com vista a mitigar a carência de alimentos à população do Sul de Angola.
Já o Fresan, lançado em 2018, o tem o valor global de 64 milhões de Euros, financiados pela União Europeia. Destes, 48,6 milhões sob gestão do Instituto Camões, destinado a programas de apoio às famílias afectadas pela seca e fome.
Para a província do Cunene, estima-se um investimento na ordem dos 21 milhões de Euros, tendo em conta que 44 por cento da população beneficiária do projecto reside nesta circunscrição.