Ondjiva – A degradação da estrada que liga a povoação de Calueque ao Xangongo, sede municipal de Ombadja, na província do Cunene, tem condicionado o escoamento da produção agrícola da região.
Os 92 quilómetros de estrada estão esburacados e nesta época chuvosa a situação agrava-se por ser lamacenta.
A barragem de Calueque tem um sistema de irrigação de um perímetro de dois mil hectares, com uma produção considerável de cereais e hortaliças, que acaba por se estragar no campo.
Essa situação tem desmotivado os camponeses que deixaram de cultivar hortícolas, sobretudo o tomate.
No quadro da visita que efectuou, hoje, aos campos agrícolas da região, a governadora provincial do Cunene, Gerdina Didalelwa, admitiu esta dificuldade, adiantando que uma das estratégias deverá passar pela instalação de pequenas industrias transformadoras.
Por isso, recomendou aos agricultores a aderirem aos programas de micro crédito, para adquirirem esses equipamentos, de modo a evitar desperdícios de produtos agrícolas.
Entretanto, o fazendeiro Evandro José, detentor de 40 trabalhadores, apontou as dificuldades em adquirir adubos e insecticidas e as más condições da estrada como condicionantes da actividade.
Disse que, actualmente, encontra-se em produção 10 hectares de tomate, prevendo a colheita de 20 mil caixas, que serão comercializadas no mercado de Ondjiva (Cunene), Huíla, Benguela e Luanda.
Já António Ribeiro, da cooperativa Simione Mukuni, lamentou a deterioração de três toneladas de tomate, devido a dificuldades de escoamento.
Adiantou que durante a época agrícola actual foram colhidas 22 mil caixas de tomate, encontrando-se em produção três hectares de cebola e quatro de milho.
Falta de dinheiro interrompe reabilitação da via
A retomada da reabilitação da estrada Xangongo/Calueque está condicionada ao financiamento.
Com um orçamento inicial de seis mil milhões e 900 milhões de Kwanzas, as obras, adjudicadas à empresa CEOP, tiveram iniciou em Outubro de 2014 e paralisaram em 2016, na altura com uma execução física de apenas 26 por cento.
A empreitada consistia na reabilitação, ampliação e asfaltagem de uma via de 92 quilómetros, passando a ter duas faixas de rodagem de 3,5 metros de cada lado, um metro de berma e 100 passagens hidráulicas.
Em declarações à ANGOP, o director do gabinete provincial de Infra-estruturas e Serviços Técnicos, Pedro Vindu, explicou que a obra esteve enquadrada no exercício financeiro anterior, nos recursos ordinários.
Disse ser uma tarefa que depende do Ministério da Obras Públicas e Ordenamento do Território, explicando que as regras de execução do Orçamento Geral do Estado são bastante claras e rígidas.
Com a revisão do Estatuto Orgânico do Ministério, afirmou, essas competências passaram à responsabilidade do Instituto Nacional de Estradas de Angola (INEA), que procurará financiamento interno ou externo.
Calueque é uma área estratégica do Cunene, tendo em conta o potencial ali existente para o fomento da actividade agro-pecuária, aproveitamento agrícola e hidroeléctrico das barragens do Calueque e do Ruacaná, bem como a proximidade com a Namíbia.