Ondjiva – A descoberta frequente de minas em campos agrícolas limita o trabalho dos camponeses, na comuna da Môngua, município do Cuanhama, província do Cunene.
No princípio do mês em curso, um agricultor, ao trabalhar na lavoura, levantou com a sua charrua uma mina anti-tanque, que não detonou e foi destruída no local, pela equipa de desminagem.
Em Janeiro de 2022, na sede da comuna, foi encontrada, em condições idênticas, uma mina anti-tanque, na lavra de uma família.
Em declarações hoje, sexta-feira, à ANGOP, o administrador comunal da Môngua, Nicolau Mueshipewa, explicou que a descoberta de minas em lavras tem sido frequente na fase da campanha agrícola, o que está a criar medo na comunidade.
Esclareceu que esta foi uma zona de confrontos militares, daí existir quantidades de engenhos explosivos, o que constitui grande preocupação, visto que há sempre registo de acidentes em todos os anos.
O administrador sugeriu uma intervenção urgente na zona para se evitar o medo no seio dos camponeses, nos momentos de preparação da terra para actividade agrícola do massango, massambala, milho e outros produtos.
Lembrou que, em Fevereiro de 2022, três pessoas da mesma família que trabalhavam numa lavra morreram e duas ficaram feridas, vítimas de uma mina anti-tanque, na Môngua.
Nicolau Mueshipewa informou ainda que outras cinco pessoas, em 2020, morreram vítimas da explosão de uma mina anti-tanque, quando circulavam numa picada a caminho de casa, a bordo de uma moto de três rodas.
Por seu turno, o chefe do Centro Nacional de Desminagem (CND) no Cunene, Paulo Taukondjele, confirmou que nesta zona existe um cordão de minas, que requer uma intervenção rápida de desminagem.
Explicou que a Môngua é uma prioridade, mas não se consegue intervir porque as brigadas de desminagem carecem de meios de transportes, logística e outros meios necessários para uma limpeza segura na área”, informou.
Fez saber que nesta condição o trabalho esta limitado, apenas realizam trabalhos pontuais de recolhas de alguns engenhos remanescentes de guerras, face às denúncias das comunidades.
“Esta situação é do domínio do Governo provincial e central, esperamos que as condições sejam criadas para priorizar a desminagem na Môngua, para garantir a prática da agricultura, a livre circulação de pessoas e bens com segurança”, afirmou.
Paulo Taukondjele referiu que existem outras áreas minadas que carecem de intervenção, no caso do município de Cuvelai, onde decorrem projectos de construção das Barragens de Ndue e Calucuve, muitas destas zonas não foram limpas.
Engenhos recolhidos em 2022
Fez saber que durante o ano findo, foram recolhidos e destruídos no Cunene cinco mil engenhos explosivos, entre minas anti-pessoal, minas de morteiro 82mm, morteiro 60, granadas de mão e munições diversas
Paulo Taukondjele sublinhou que estes resultados são fruto das denúncias das populações e do trabalho de sensibilização das comunidades sobre riscos de minas, desenvolvido pela equipa de pesquisa, levantamento e controlo de qualidade.
No Cunene existem 32 zonas suspeitas de minas, nos municípios do Cuanhama (11), Cahama (10), Cuvelai (seis), Ombadja (quatro) e Curoca (uma), que correspondem uma área total de um milhão, 719 mil e 355 metros quadrados.
Actualmente a província conta com três operadoras de desminagem, concretamente a Brigada das Forças Armadas Angolanas, Polícia de Guarda Fronteira e o Centro Nacional de Desminagem (CND).