Benguela – Os resultados de experimentos com arroz de sequeiro em terras altas, iniciados a 18 de Outubro de 2023, na Fazenda Agro-Pecuária Nelson Rodrigues (NR), na província de Benguela, serão apresentados, esta sexta-feira, em Dia de Campo, apurou hoje a ANGOP.
"Dia do Campo do arroz de Terras Altas – do Plantio à Mesa” é uma promoção conjunta entre a Sociedade Jardins da Yoba e a Associação para o Agronegócio e Empreendedorismo – SEIVA, em parceria com a Universidade Federal de Lavras do Estado de Minas Gerais – UFLA, no Brasil.
O evento será realizado no campo experimental da Fazenda NR, na comuna do Dombe Grande, no município da Baía Farta, para apresentar os resultados dos ensaios técnicos de melhoramento genético de 20 linhagens ou materiais genéticos desenvolvidos pela UFLA, em parceria com a Embrapa Arroz e Feijão, e EPAMIG (Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais).
No encontro, serão apresentadas palestras sobre a cultura do arroz, tendo como oradores especialistas da Universidade Federal de Lavras do Estado de Minas Gerais, além da demonstração de práticas de campo.
Por essa razão, este certame é visto como um marco importante para o início de uma nova agricultura sustentável e o surgimento de uma nova potência na produção de arroz no mundo, o Melhor Arroz de Angola.
Segundo a pesquisadora brasileira Flávia Botelho, da UFLA, responsável pelos ensaios, as vinte linhagens elites pertencentes ao experimento demonstraram desempenho surpreendente, considerando o facto de que foram desenvolvidas em um ambiente distinto das condições angolanas.
“Porém, com comportamento agronómico igual a superior ao observado no Brasil”, acrescenta, referindo que foi então proposto este Dia de Campo para apresentar a toda a comunidade o “Melhor Arroz Angolano”.
O objectivo principal, apontou, é demonstrar todo o potencial da cultura do arroz de terras altas em Angola, introduzindo a forma de condução e manejo da mesma.
Neste quadro, acredita que a introdução da cultura, considerada a terceira mais cultivada no mundo, e a primeira em importância alimentar, no Sul de Angola, iniciará uma nova era na agricultura local.
O aumento da diversidade de alimentos, aliado, também, a outra opção de fonte de renda, e, sobretudo, a segurança alimentar e combate à fome estão entre as metas, explica.
Flávia Botelho lembrou que as linhagens foram semeadas a 18 de Outubro de 2023 e em Dezembro. Com 56 dias, já apresentavam as primeiras panículas, obtendo genótipos com ciclo final de menos de 90 dias.
Daí a pesquisadora considerar um facto totalmente relevante e importante para a incorporação da referida cultura no sistema de produção angolano.
Avançou que a precocidade dos genótipos estão associados à alta produtividade, resistência às doenças e pragas, e qualidade de grãos.
Adaptabilidade
Por seu lado, José Wanassi, presidente da Associação para o Agronegócio e Empreendedorismo – SEIVA, notou que aferir a adaptabilidade da espécie foi o mote do ensaio, pelo facto de que a região não possui tradição na cultura do arroz, apesar de ser uma fonte crítica de fibra e proteína para a nutrição humana.
Igualmente destacou os resultados promissores do experimento de arroz de terras altas, no quadro do protocolo de cooperação técnica e científica entre a SEIVA, a Universidade Federal de Lavras do Estado de Minas Gerais, do Brasil, e a Sociedade Jardins da Yoba.
E olha para o Dia de Campo como uma oportunidade ímpar para dinamizar o programa “Melhor Arroz-Angola”, tendo em vista o melhoramento genético e a promoção das melhores práticas agrícolas desta espécie de arroz de sequeiro, ou terras altas. JH/CRB