Benguela - Pelo menos cinco mil toneladas de milho começaram a ser colhidas esta semana, na Fazenda Agro-Industrial de Camacupa, província do Bié, sob gestão das Forças Armadas Angolanas, soube esta quarta-feira a ANGOP.
Essa produção resulta de um acordo de assessoria técnica com a Carrinho Agri, braço agrícola do Grupo com o mesmo nome, que visa a transmissão de conhecimentos ao efectivo militar e pessoal civil que ali funciona.
À luz desse acordo, especialistas da Carrinho Agri estão a fomentar o desenvolvimento técnico dos agrónomos e demais pessoal que ali trabalha, bem como melhorias a nível dos campos agrícolas.
Além do milho, plantado numa área de 1070 hectares, prevê-se também a semeadura de 1500 hectares de trigo e 250 de feijão, ainda este ano.
Neste momento, estão já semeados 150 hectares de feijão e 50 de trigo.
Segundo o engenheiro agrónomo brasileiro Mateus Ferreira, da Carrinho Agri, estão a capacitar os funcionários da fazenda sobre aplicação das técnicas em momentos correctos, pequenos ajustes nas sementeiras e na pulverização.
O agrónomo explicou que esses ajustes visam a maximização da produção, doseando-se a aplicação de sementes e fertilizantes na época correcta.
Questionado sobre o trigo, numa altura em que esse produto escasseia no mercado, Mateus Ferreira disse que estudos preliminares feitos na região demonstram condições favoráveis para sua produção.
"Aqui temos condições muito boas. Temos períodos de chuva intensa, pelo que necessitamos de épocas de semeadura muito bem definidas, para não fazer coincidir o período de colheita com o de chuvas", disse.
Sobre a dependência da chuva para o ciclo de produção da fazenda, o engenheiro defende que, tanto este, como o de regadio, são métodos altamente produtivos.
Na sua óptica, o mais importante é lançar as culturas nos momentos certos, para se garantir uma produção sem sobressaltos.
Aconselhou a aposta na diversificação da produção para que Angola seja auto-suficiente no domínio agrícola, através do incremento de culturas que são a base da alimentação no país, nomeadamente do milho, feijão, arroz e trigo.
Neste quesito, disse que a Fazenda Agro-Industrial de Camacupa tem potencial para produção em grande escala de outras culturas, como a soja, necessitando, entretanto, do nivelamento dos solos.
Além da Fazenda Camacupa, a Carrinho Agri está também a prestar assessoria técnica a sete mil famílias na sede deste município, assim como a outras no Cuito e Chinguar.
Para o CEO da Carrinho Agri, David Maciel, a Fazenda Camacupa, com 10 mil hectares disponíveis, tem condições favoráveis para a produção de milho, feijão, trigo e outros produtos, para além de silos para armazenar 22 mil toneladas de grãos.
"Essa colaboração já dura dois anos e estamos a transmitir ao pessoal militar e trabalhadores civis, conhecimentos para que possam garantir no futuro a sustentabilidade do projecto e alimentação para o efectivo das FAA", rematou.
Defendeu ser necessário que as FAA façam mais investimentos em equipamentos e no capital humano, para se poder trabalhar em toda extensão da fazenda.
Trabalham actualmente na Fazenda Camacupa, 13 militares afectos à Direcção dos Serviços Agro-pecuários das Forças Armadas Angolanas e 82 civis sob sua tutela. CRB