Ganda – Seis mil e novecentos eucaliptos e 240 pinhos foram replantados, este ano, na fazenda agro-industrial e pecuária Carlos Nogueira, localizada na Babaera, município da Ganda (Benguela), para combater o desmatamento no polígono florestal do Alto Catumbela.
Essa informação foi avançada à ANGOP, esta terça-feira, pelo proprietário da referida fazenda, Carlos Nogueira, frisando que esta iniciativa surge para contrapor os efeitos nefastos do garimpo da madeira de eucalipto, praticado por pessoas desconhecidas.
Segundo denunciou, aproveitando-se da vasta área da região (a sua fazenda, por exemplo, tem 767 hectares), alguns indivíduos estão a abater indiscriminadamente os eucaliptos para comercialização noutros pontos de Benguela e não só.
Para inverter esse quadro, por iniciativa própria, uma vez que a sua propriedade também foi alvo, ao longo dos anos, da acção criminosa dos garimpeiros, projecta replantar outros 25 mil eucaliptos, no âmbito de uma parceria com a empresa Nivazam.
Apelou o combate aos garimpeiros, que ameaçam a existência do polígono florestal do Alto Catumbela. Na mesma senda, aconselha os demais detentores de extensões de terra naquela zona a se dedicarem ao seu reflorestamento, garantindo assim a sua preservação para as gerações vindouras e do ecossistema local.
Por outro lado, no domínio da agricultura, Carlos Nogueira disse que espera colher algumas toneladas de feijão ainda neste mês de Maio.
“Pretendemos plantar em grande escala também o amendoim (ginguba), batata-doce, batata-rena, tomate, alho e soja, pois este chão dá tudo. Neste momento, carecemos de um tractor e de uma giratória”, disse.
O fazendeiro lamenta não ter beneficiado até ao momento de nenhum apoio do Estado, embora já tivesse solicitado aos responsáveis da agricultura na província a disponibilização de um tractor.
“Estamos a caminhar sozinhos. Somos filhos dessa terra e queremos reerguê-la, mas sozinhos, é muito difícil”, desabafou.
O “sonho” da fábrica de água de nascente da Tchacuma
Carlos Nogueira projecta a construção, no interior da sua fazenda, de uma fábrica de engarrafamento de água de nascente, uma vez que ela possui quatro.
“Temos aqui quatro nascentes de água de boa qualidade. No tempo colonial já era produzida aqui a água de nascente da Babaera, de qualidade reconhecida, que no futuro vai designar-se água de nascente da Tchacuma, em homenagem à localidade em que está localizada”, disse esperançoso.
A fábrica está planificada para produzir 15 mil litros de água por dia, vai gerar 150 empregos directos, com 75 trabalhadores em cada turno, para além do corpo directivo, e terá um laboratório.
O valor necessário para sua implementação está estimado em cinco mil milhões de kwanzas, segundo Carlos Nogueira.
Associada à fábrica e no âmbito da sua responsabilidade social, prevê-se a construção de um posto médico, uma escola de quatro salas de aula e um campo multiuso. “Penso que isso será uma mais-valia para a comuna da Babaera”, acrescentou.
O fazendeiro informou que aguarda pela documentação do espaço junto do Governo Provincial de Benguela (direito de superfície e outros) para recorrer ao BDA ou bancos comerciais para solicitar um crédito no sentido de implementação da fábrica.
Mostrou-se também aberto a uma parceria, nacional ou estrangeira, para materialização do projecto.
De igual modo, afirmou que a zona da Ganda tem espaço disponível e condições climáticas ideais para produção de cereais e hortícolas em grande escala, o que poderia ajudar no programa do Executivo angolano de diversificação da economia.
Por outro lado, disse que o município tem potencial também para produção de animais em grande escala, entre bovinos, suínos e caprinos, e, quiçá, voltar a produzir enchidos como no tempo colonial, bem como gerar uma indústria forte de lacticínios.
Apela às autoridades e instituições bancárias que apoiem os cidadãos que têm vontade de produzir em grande escala, no sentido de Angola deixar de ser um país importador e passar a exportador, à semelhança do Brasil.
A fazenda Carlos Alberto Martins Nogueira ocupa uma área de 767 hectares, tem actualmente 20 trabalhadores e possui algumas cabeças de gado caprino e suíno, para além de aves. CRB