Uíge – Das nove mil e 500 áreas disponíveis para a produção de café na província do Uíge, apenas três mil (32 %) estão em funcionamento, devido à falta de financiamento, mão-de-obra qualificada e mau estado das vias de acesso, informou, hoje, o responsável do Instituto Nacional do Café (INCA), Vasco Gonçalves.
Até 1975, a produção anual de café no Uíge estimava-se em 80 mil toneladas, enquanto na campanha agrícola 2019/2020 produziu-se apenas oito mil e 439 toneladas. Para a presente época prevê-se, uma produção de 10 mil e 525 toneladas.
Em entrevista à Angop, a propósito da produção de café na circunscrição, o engenheiro agrónomo explicou que, dos 16 munucípios da província do Uíge, apenas Mucaba, Quitexe, Uíge, Negage, Songo e Buengas estão, actualmente, a dedicar-se à produção do “ bago vermelho”.
Informou que três mil e 800 produtores se dedicam ao cultivo de café nas fazendas em operação e apenas seis especialistas distribuídos em igual número de município.
O responsável disse que o mau estado das vias que ligam os municípios à sede da província, para o escoamento dos produtos nos mercados, impede a colheita de muito café produzido, fazando com que em 2020 se colhesse menos da metade produzida.
“Muitas pessoas que conhecem a produção de café estão já cansadas e deveriam merecer financiamento para pagar os trabalhadores jovens. Com essa medida, iriamos fomentar a produção de café na província do Uíge” despertou.
Sublinha que a produção de café envolve, por norma, muita mão-de-obra, mas que com a falta de financiamento, actualmente cada fazenda emprega apenas quatro a cinco trabalhadores, factor que reduz sobremaneira a sua colheita.
A produção de café, feita manualmente em zonas montanhosas, explicou o delegdo provincial do INCA, carece de estruturação, uma medida que permite as plantas produzirem mais bagos.
"Em cada hectar de terra produz-se mil plantas e colhe-se 300 quilos de café comercial, uma produção que pode ser aumentada com investimentos feitos nessa cultura", adiantou, revelando que até hoje existem plantas do tempo colonial que continuam a gerar café.
Vasco Gonçalves precisou que em termo de clientes a província regista muita adesão dos comerciantes, para a posterior comercialização em Luanda nos agentes económicos, nos estrangeiros, como em Portugal, Espanha, Itália, Líbano, entre outros países.